Na última segunda-feira (24), uma delegação da Frente em Defesa do Povo Palestino que reúne ativistas e organizações brasileiras pró-Palestina, foi recebida pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República para expôr a gravidade da situação vivida pela população palestina sob ocupação israelense e pedir que o governo Lula reconheça e denuncie o sistema de apartheid imposto por Israel.
O grupo pediu que “o novo governo lidere o reconhecimento na América Latina e Sul Global pela Assembleia Geral e Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de que o regime implementado pelo Estado de Israel é de apartheid contra palestinos, inclusive os denominados árabes-israelenses”.
O secretário executivo da Secom, Ricardo Zamora, e o chefe de gabinete, Marcelo Cafrune receberam a delegação integrada por Aline Baker Awad e Fábio Bosco, do Fórum Latino-Palestino, que reúne lideranças e parlamentares pró-Palestina na América Latina, por Muna Muhammad Odeh, professora Associada da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, Thiago Sebastino Melo, professor Adjunto do Centro de Excelência de Turismo da Universidade de Brasília e Khaled Hilal vice presidente da Sociedade Palestina de Brasília e dirigente da União Palestina Da América Latina (UPAL), que reúne as comunidades palestinas do continente e que teve seu mais recente congresso em março de 2023, na Colômbia.
Na ocasião, foi entregue uma carta da Frente Palestina que descreve a situação dramática do povo palestino. “Somente nos dois primeiros meses de 2023, já foram mortos mais de 60 palestinos em território ocupado pelas forças israelenses. No dia 22 de fevereiro, foram 11 palestinos assassinados e mais de 100 feridos em apenas um dia numa incursão da ocupação em Nablus. No último final de semana, colonos botaram fogo em dezenas de casas, veículos e chegaram a matar um líder religioso em Huwara, na mesma região”, relata a Frente.
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A primeira reunião da Frente com o governo Lula foi marcada com a Secom em reconhecimento pelo apoio dado pelo então deputado federal Paulo Pimenta, hoje ministro da Secretaria de Comunicação, aos movimentos de solidariedade com a Palestina e aos esforços pelo retornode Islam Hamed ao Brasil.
Para os integrantes da rede de organizações e pessoas que integram a Frente, o governo pode atuar para que a Assembleia Geral da ONU adote resoluções e medidas contra o apartheid e apoiar a investigação do Tribunal Penal Internacional sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade perpetrados nos territórios palestinos ocupados.
Islam Hamed, EBC e Missão Gaza
Aline representou no encontro a família do palestino-brasileiro Islam Hamed que está preso em Israel desde a adolescência e para quem o governo sionista nega deportação ao Brasil. Com apoio da Frente Palestina, a família pede que o governo Lula interceda para que Hamed, hoje com 36 anos, possa voltar e viver na terra de sua mãe brasileira.
Juntamente com as cartas pela denúncia do apartheid e pela volta do cidadão brasileiro, a delegação entregou uma carta escrita por participantes da Missão Humanitária à Gaza, também integrantes da Frente, e que em 2015, antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, visitaram a Palestina com a cobertura da EBC – a missão foi organizada no processo do Fórum Social Mundial após os ataques que deixaram milhares de mortos e feridos e a insfraestrutua da Faixa de Gaza destruída.
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A participação da sociedade civil, incluindo movimentos de solidariedade internacional, na gestão da EBC – dando visibilidade à questão palestina – foi reivindicada pelo grupo ao pedir a restituição do Conselho Curador da empresa, cassado em 2016. A Secom lamentou que o instrumento de representação da sociedade civil na governança da EBC tenha sido banido pelo governo Temer, após o impeachment da presidenta Dilma, mas diz não saber ainda como retomá-lo, já que requer iniciativa por uma nova mudança legal.
As cartas foram endereçadas ao ministro Paulo Pimenta, da Secom, e ao presidente Lula. As organizações representadas pela delegação mostraram também a disposição de organizar uma nova missão humanitária à Palestina que inclua a participação da comunicação pública e o apoio do Itamaraty