Guardas de fronteira da Turquia cometem tortura, assassinato e outras violações cotidianas de direitos humanos contra sírios que tentam atravessar a fronteira, alertou nesta quinta-feira (27) a organização internacional Human Rights Watch (HRW).
O relatório responsabilizou soldados turcos por assediar de maneira indiscriminada requerentes de asilo, ao impedi-los de atravessar a fronteira mediante força excessiva.
Hugh Williamson, diretor do HRW para Europa e Ásia Central, comentou: “Gendarmes turcos e agentes armados incumbidos do controle de fronteira rotineiramente cometem abusos e abrem fogo contra refugiados sírios, ao longo da divisa entre Síria e Turquia, com centenas de mortos e feridos nos anos recentes”.
“Execuções arbitrárias de cidadãos sírios são particularmente hediondas e parte de um padrão de brutalidade perpetrado por guardas turcos, que o governo fracassou em conter ou investigar com eficácia”, acrescentou Williamson.
Em 11 de março, soldados turcos “espancaram e torturaram oito cidadãos sírios”, que tentavam atravessar a fronteira; dois foram mortos. Parte do grupo a serviço foi preso e indiciado. Porém, pouco foi feito efetivamente para conter a prática, advertiu o HRW.
Dados obtidos de um monitor anônimo, citados pelo relatório, identificaram 277 incidentes na região de fronteira entre outubro de 2015 e abril de 2023, com 234 mortos e 231 feridos.
“Vinte e seis incidentes envolveram crianças”, reiterou o texto. “Ao menos seis pessoas que não tentaram atravessar a fronteira foram baleadas; outras seis foram feridas”.
Ao reconhecer que a Turquia recebeu cerca de quatro milhões de refugiados desde o começo da guerra civil na Síria, o HRW destacou, porém, que não é desculpa para agir com violência contra requerentes de asilo, mesmo que viajem em condições irregulares.
O relatório enfatizou também a recente deportação de centenas de sírios radicados na Turquia mediante assinatura à força de formulários de partida. O HRW reivindicou do governo turco que “respeite o princípio de não-devolução”, que proíbe o regresso compulsório de requerentes de asilo a áreas onde sofrem perseguição e ameaça.
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