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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Na Espanha, Lula comenta falha da ONU em estabelecer um Estado palestino

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participa do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha. Casa de América, Madri - Espanha. [ Ricardo Stuckert/PR]

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou nesta quarta-feira (26) a incapacidade da Organização das Nações Unidas (ONU) em estabelecer um Estado palestino, como fez em 1948 ao criar o Estado israelense.

“A ONU era tão forte que, em 1948, conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, não consegue criar o Estado palestino”, disse Lula em coletiva de imprensa realizada na cidade de Madri, junto ao presidente da Espanha, Pedro Sánchez, com quem assinou um acordo do Mercosul.

A fala de Lula antecede em uma quinzena o Dia da Nakba – ou “catástrofe” – como os palestinos nativos descrevem a criação do Estado colonial sionista sobre suas terras ancestrais, mediante limpeza étnica planejada, em 15 de maio de 1948.

Grupos sionistas no Brasil – muitos dos quais alinhados a políticas do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro – rechaçaram o comentário de Lula.

“Ao contrário do que disse o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, hoje em Madri, Israel não foi criado pela Organização das Nações Unidas”, alegou André Lajst, diretor executivo da sucursal brasileira da ong StandWithUs (SWU), sediada em Los Angeles.

“Em 1947, o que a partilha preconizou foi a criação de dois países, um para judeus e outro para os árabes. Os judeus aceitaram; os árabes, não”, insistiu Lajst. “Israel foi fundado depois de uma guerra empreendida pelos exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque contra os judeus”, acrescentou.

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Em nota, o Instituto Brasil-Israel alegou “imprecisão dos fatos descritos”, o que pode gerar uma “incompreensão sobre o conflito”.

A embaixada israelense em Brasília se juntou ao coro de contestação de Lula, ao reiterar a tese da SWU: “Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia da ONU votou uma proposta para dividir o território do Mandato Britânico [a Palestina histórica] em dois estados: judeu e árabe. À frente da reunião da Assembleia das Nações Unidas estava o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha”.

A tese, no entanto, é contestada por historiadores, que apontam que a partilha foi imposta à vasta maioria palestina, então sob Mandato Britânico, por ações da comunidade internacional, junto de atos de agressão de milícias sionistas. O que se seguiu, em 1948, foi a execução de um plano de limpeza étnica dos palestinos nativos para substituí-los por colonos europeus.

Lula e Israel-Palestina

O presidente brasileiro – veterano político de esquerda em terceiro mandato – tem histórico de falas pró-Palestina e atritos com Tel Aviv, apesar de ter mantido a importação de armamentos e outros equipamentos fabricados no Estado sionista.

Em 2009, em seu segundo mandato, Lula recebeu o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, considerado “inimigo de Israel”, durante uma visita que incitou críticas internacionais.

Um ano depois, no entanto, Lula se tornou o primeiro chefe-de-estado brasileiro a viajar a Israel desde o imperador Dom Pedro II, em 1876. Ainda assim, Lula se recusou a visitar o túmulo de Theodor Herzl, pai fundador do sionismo, durante as celebrações de seu 150° aniversário.

Poucos dias depois, Lula pôs flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

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Em 1° de dezembro de 2010, um mês antes de passar a faixa presidencial a Dilma Rousseff, seu governo reconheceu oficialmente o Estado palestino.

Logo após Lula ser empossado a seu terceiro mandato, em janeiro, o Itamaraty sinalizou uma mudança drástica em relação à retórica do governo predecessor de Bolsonaro, ao criticar a invasão do ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, notório militante colonial de ultradireita, ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada.

Na segunda-feira (24), uma delegação da Frente em Defesa do Povo Palestino, reunindo ativistas e organizações brasileiras pró-Palestina, foi recebida pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República para reivindicar do governo que denuncie o regime de apartheid imposto por Israel contra os palestinos.

Para os membros da Frente, o governo pode atuar para que a Assembleia Geral da ONU adote resoluções e medidas contra o apartheid e apoiar a investigação do Tribunal Penal Internacional sobre os crimes de guerra e lesa-humanidade perpetrados nos territórios ocupados.

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