Na história da Palestina existem muitos grandes líderes que sacrificaram tudo para defender sua terra e sua causa. No entanto, sabemos muito pouco sobre eles e sua história quase esquecida. É claro, há muitas razões para isso: ignorância, indiferença e negligência das autoridades responsáveis. Infelizmente, em alguns casos, tamanha negligência é deliberada. Por décadas, a história de sua luta desapareceu das páginas dos livros e não obteve seus direitos de divulgação na imprensa. Portanto, como pesquisadores e profissionais de mídia, temos o dever de estudar e pesquisar a biografia desses heróis para transmitir seu legado às novas gerações e erguer um farol para a libertação da Palestina.
(Episódio 8)
Sheikh Yassin al-Bakri
Yassin al-Bakri – nascido na cidade de Hebron (Al-Khalil), em 1904 – foi comandante da Batalha dos Muros de Jerusalém. Após concluir sua educação primária, passou a estudar língua árabe e ciências islâmicas em sua cidade natal. Então, ingressou na Universidade de al-Azhar, na cidade do Cairo. Em 1929, obteve seu diploma e regressou a Hebron, onde permaneceu por somente um ano. Em 1930, mudou-se para Jerusalém, onde passou a lecionar em uma escola primária batizada em homenagem a Al-Aqsa, fechada anos depois. Neste período, envolveu-se em atos políticos e nacionais e participou da Grande Revolução Palestina, entre 1936 e 1939.
Como resultado, sofreu perseguição das autoridades do Mandato Britânico e foi capturado durante o levante e então transferido à penitenciária de al-Maraa, perto da cidade de Acre, onde permaneceu por trinta meses. Na ocasião da Nakba – ou “catástrofe”, como ficou conhecida a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica, em 1948 –, al-Bakri juntou-se às fileiras do movimento de resistência e foi designado comandante de uma equipe incumbida de proteger a Cidade Velha de Jerusalém. Travou diversas batalhas em suas muralhas e arredores, além de conduzir ataques na parte ocidental da cidade. Dentre os avanços mais notórios, as batalhas de Qatamon, al-Baqa’a e Montefiore.
Nos anos seguintes, passou a trabalhar como imã e professor na Mesquita de Al-Aqsa, função que manteve até sua morte. Al-Bakri era ainda um talentoso poeta, embora tenha priorizado a luta política e nacional ao longo da vida. Sexagenário, voltou a escrever.
O sheikh al-Bakri foi consagrado no imaginário palestino como um dos defensores de Jerusalém. Residentes árabes o conheciam por suas vestes religiosas e militares e seu cavalo, companheiro leal durante o período de resistência armada.
Em 1971, Yassin al-Bakri adoeceu; dois anos depois, em 29 de abril de 1973, faleceu 69 anos. Foi sepultado no cemitério de Bab al-Rahma, a leste da Mesquita de Al-Aqsa.
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