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Assad usa embaixadas sírias para espionar a diáspora, confirma relatório

Campo de refugiados em Idlib, na Síria, em 17 de junho de 2022 [Muhammed Said/Agência Anadolu]
Campo de refugiados em Idlib, na Síria, em 17 de junho de 2022 [Muhammed Said/Agência Anadolu]

Agentes de inteligência a serviço do regime sírio de Bashar al-Assad têm utilizado embaixadas da Síria no exterior para compilar informações sobre a comunidade na diáspora, confirmou um novo relatório do Centro de Justiça e Responsabilização da Síria (SJAC).

O estudo compilou 14.108 páginas de um total de 483 mil documentos sigilosos obtidos entre 2013 e 2015 em instalações estatais abandonadas.

Segundo as informações, o regime exigiu que funcionários de diplomacia em países distintos – do Egito ao Japão – reunissem informações sobre cidadãos que vivem no exterior.

As informações coletadas pelos agentes de Damasco incluem detalhes sobre famílias no país de origem, suposta participação em reuniões políticas ou eventos de ativismo e mesmo frequência de comparecimento às mesquitas.

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O relatório confirma antigas suspeitas da diáspora síria de que Assad continuou a espionar seus cidadãos no exterior, bem como suas famílias, por meio das embaixadas nos países anfitriões.

Os documentos mostram comunicações entre embaixadas e departamentos de inteligência, ao trocar dados pessoais e familiares sobre indivíduos supostamente ligados a atos políticos.

Entre os papéis, está uma carta do chefe da Diretoria de Segurança Política da Síria a emissários regionais de inteligência, pedindo informações sobre “incitadores” radicados na França, Bélgica, Turquia, Rússia e Líbano.

“Recebemos uma lista do Escritório de Segurança Nacional que inclui os nomes dos instigadores do exterior, incluindo os seguintes…”, dizia a carta. “Por favor, forneça-nos as informações que possuem sobre qualquer um dos nomes acima para que tomemos medidas adequadas.”

Segundo o relatório, as denúncias são um alerta a governos de países que abrigam refugiados sírios para que não normalizem relações com Assad e reabram embaixadas em seus territórios, sob risco de expor ativistas no exterior e suas famílias a ameaças e intimidação.

“A vigilância é um pilar da política externa do Estado sírio, facilitada por uma rede coordenada de funcionários das embaixadas e agentes de inteligência e de segurança”, advertiu o relatório.

“Muitos governos regionais e internacionais pedem pelo retorno dos refugiados a seu país; mas a documentação presente oferece evidências claras das ameaças que enfrentam ao regressar”, acrescentou o relatório. “O regime acumulou dados substanciais sobre a oposição no  exterior e tem histórico de uso dessas informações para reprimir a dissidência de maneira implacável.”

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