Dezenas de milhares de israelenses tomaram as ruas do país neste sábado (6) contra os planos do governo de Benjamin Netanyahu de assumir controle da Suprema Corte, reportou a agência de notícias Reuters.
A controversa reforma judicial em Israel pode conceder ao executivo poderes sobre a nomeação de juízes, além de permitir a deputados que revoguem decisões judiciais. A iniciativa, contudo, foi suspensa após Israel ser tomado por protestos de massa, em sua 18ª semana consecutiva.
O governo acusa juízes de “usurpar” funções do parlamento e alega que a reforma é necessária para reequilibrar os três poderes. Críticos alertam que o projeto remove contrapesos essenciais ao estado democrático de direito, ao robustecer o ramo executivo.
A imagem da “democracia” em Israel já sofre duro impacto global pelas reiteradas denúncias de apartheid contra os palestinos. Manifestantes israelenses, porém, tendem a ignorar a questão nas ruas, concentrados em seu regime segregacionista.
Cinco meses após a posse da coalizão de extrema direita, cerca de 74% dos israelenses pensam que o governo opera debilmente, segundo pesquisa divulgada pela rádio pública de Israel nesta sexta-feira (5).
No sábado, multidões se reuniram no centro de Tel Aviv para contrapor o governo. A emissora Canal 12 estimou 110 mil manifestantes na cidade, além de outros atos por todo o país.
“Estou muito preocupado com meu país”, disse Bental Shamir, professor de 60 anos, à Reuters, em Tel Aviv. “Não quero que meu país seja corrompido”.
Diante da crise, o presidente Isaac Herzog, cuja função é basicamente cerimonial, foi incumbido de intermediar a disputa e obter um meio termo. Contudo, sem sucesso.
“Tenho certeza de que estamos mais perto do que podemos imaginar”, comentou o advogado Dor Lasker, de 35 anos, sobre as negociações. “Estou otimista de que podem acontecer”.
Em comunicado, o gabinete da presidência israelense disse que, após a cerimônia de coroação, o Rei Charles III cumprimentou Herzog por seus esforços de mediação.
LEIA: Ben-Gvir critica Gallant por entrega de corpos de mártires da Palestina