O presidente da Argélia Abdelmadjid Tebboune disse neste domingo (7) ter esperanças de que a negociação com a França sobre os arquivos de memória da era colonial (1830-1962) conquiste avanços, contudo, sem “barganhas ou concessões”.
O comunicado da presidência foi publicado à véspera do 78° aniversário dos massacres de 8 de maio de 1945, perpetrado pelo exército colonial francês contra manifestantes argelinos.
“O Estado, fiel aos imensos sacrifícios do povo, está determinado em pôr a pauta de memória e verdade histórica em um caminho no qual podemos garantir plena transparência, objetividade e justiça, sem quaisquer barganhas ou concessões”, declarou Tebboune.
“No futuro próximo, esperamos conquistar o progresso desejado, tendo em conta a importância do trabalho confiado ao comitê conjunto [franco-argelino] de historiadores incumbido de todas as matérias, incluindo aquelas referentes à recuperação de arquivos, propriedades e restos dos combatentes, além da questão sobre experimentos nucleares e desaparecidos”, acrescentou.
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“Reiteramos mais de uma vez”, insistiu Tebboune, “estarmos firmemente comprometidos com a defesa dos direitos do povo argelino, ao intensificar esforços para tratar da pauta de memória e verdade, com coragem e justeza, ao dar plena transparência a tais fatos sensíveis”.
O presidente argelino e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, compuseram um comitê de dez historiadores – cinco de cada país – para investigar os arquivos da era colonial, com intuito de evitar eventual “exploração política”.
Conforme nota conjunta, o comitê trabalha “para tratar de todas as questões, incluindo aquelas relacionadas à abertura e recuperação de arquivos e propriedades, além de restos mortais dos combatentes da resistência argelina, testes nucleares e desaparecidos, ao preservar o respeito à memória de ambos os lados”.
O comitê, segundo a nota oficial, está sujeito a análises regulares semianuais.
Os arquivos da colonização francesa na Argélia representam uma persistente fonte de tensões entre os países. Argel exige um pedido de desculpas formal sobre os crimes coloniais sob ordem de Paris. A antiga metrópole insiste que é hora de “virar a página e olhar para o futuro”.