O chefe das Forças Armadas do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, afirmou à televisão no Egito que um diálogo político sem estabelecer um cessar-fogo é “inútil”, reportou a agência Anadolu.
“Não há benefício algum nas negociações com as Forças de Suporte Rápido se não deixarem os bairros residenciais e encerrarem sua presença militar na capital”, declarou o general sudanês à emissora egípcia Al-Qahera News.
Mais de 550 pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas nos confrontos entre o exército do Sudão e o grupo paramilitar, deflagrados em 15 de abril, após meses de impasse político sobre a transição à democracia. Os números foram corroborados pelo Ministério da Saúde.
Ambas as forças deram início a conversas frente a frente na Arábia Saudita no sábado (6), com o intuito de encerrar o conflito.
Segundo al-Burhan, as Forças de Suporte Rápido não adentraram nos campos militares do país. “Sua presença é restrita a bairros residenciais e instalações de serviço”, reiterou.
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O chefe do exército insistiu ainda que a conjuntura é estável em todo o Sudão, salvo na capital, Cartum. “Estamos perto de encerrar a presença das Forças de Suporte Rápido na cidade”, disse al-Burhan. “Contudo, uma solução pacífica é a melhor maneira de solucionar a crise”.
Divergências se alimentam há meses sobre a integração das Forças de Suporte Rápido às tropas regulares – pré-requisito do acordo de transição sudanês.
O Sudão não tem governo funcional desde outubro de 2021, quando o exército depôs o premiê Abdalla Hamdok e seu gabinete de transição, ao declarar “estado de emergência”. A medida foi amplamente denunciada como golpe militar.
O período de transição começou em agosto de 2019, após a queda do longevo ditador Omar al-Bashir, e deveria culminar em eleições no início de 2024.
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