Irã e Paquistão inauguraram nesta quinta-feira (18) um mercado mútuo de fronteira e uma rede de transmissão de energia elétrica, em evento que contou com a participação de oficiais de alto escalão. As informações são da agência de notícias Anadolu.
A Zona de Comércio Mand-Pishin é uma das seis áreas comerciais planejadas pelos países para a região de fronteira, conforme previsto por um memorando de entendimento assinado em 21 de abril de 2021.
Pishin é a cidade do lado iraniano, na província de Sistão-Baluchistão. Mand é a cidade do lado paquistanês, na província de Baluchistão.
O evento contou com a presença do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e do premiê paquistanês, Shehbaz Sharif, entre outros oficiais de ambos os lados.
O mercado de fronteira ocupa 10 acres (quatro hectares) de terra, na esperança de aprimorar o comércio transfronteiriço e fornecer novas oportunidades de negócios.
Raisi e Sharif também inauguraram a Rede de Transmissão Elétrica Polan-Gabd, com objetivo de ampliar a capacidade de transmissão do Irã à província paquistanesa em 100 MW. A nova rede deve complementar a carga adquirida da região iraniana de Makran.
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Polan é uma área localizada na cidade portuária de Chabahar, em Sistão-Baluchistão. Gabd está do lado paquistanês, a 87 km de Gwadar, situado estrategicamente no multibilionário Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC).
Na semana passada, Teerã e Islamabad concordaram em ressuscitar um ambicioso projeto de gasodutos, expandir o comércio bilateral e colaborar no campo da aviação.
O projeto de gás natural entre ambos os países, consistindo de 2.275 km, com raízes na década de 1990, pretende transportar insumos do território persa a seu vizinho. No entanto, enfrentou múltiplos atrasos devido às sanções dos Estados Unidos.
Atualmente, o comércio bilateral entre os países, que dividem uma ampla fronteira, é inferior a US$400 milhões.
Em setembro de 2020, o então premiê paquistanês, Imran Khan, aprovou o estabelecimento de 18 mercados de fronteira: seis junto ao Irã e doze junto ao Afeganistão.
‘Um novo capítulo’
Nos bastidores da inauguração, Raisi e Sharif conversaram sobre interesses mútuos e reiteraram seu compromisso em ampliar a cooperação econômica.
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Segundo nota emitida pelo gabinete da presidência iraniana, o mercado de fronteira representa um “desenvolvimento importante” capaz de dar sustento a milhares de residentes da região e ajudá-los a “melhorar sua situação econômica”.
Mais tarde, em coletiva de imprensa ao lado do chefe de governo paquistanês, Raisi insistiu que ambos os países estão decididos em robustecer laços e que há espaço para expandir a parceria no setor de energia.
Raisi reafirmou ainda que outros mercados de fronteira estão atualmente em construção, para facilitar o comércio entre as partes e criar novos empregos. O Irã considera sua fronteira com o Paquistão como uma “oportunidade” em vez de uma ameaça, enfatizou Raisi.
De sua parte, Sharif enalteceu a inauguração de ambos os projetos de infraestrutura como um “novo capítulo” nos laços emergentes entre os “países irmãos”.
O primeiro-ministro prometeu negociar um acordo de livre comércio com o Irã e convidou Raisi a visitar Islamabad, ao confirmar que, durante o diálogo, ambos sugeriram “algumas propostas”, incluindo sobre integrar a república islâmica ao CPEC, estimado em US$64 bilhões.
Revés e sanções
O Paquistão pode receber uma multa de US$18 bilhões caso não conclua sua parte do gasoduto acordado com Teerã, segundo informações da ong Democracy for the Arab World Now (DAWN). O lado iraniano já está pronto, mas há dúvidas sobre o cronograma das obras paquistanesas.
O acordo de 25 anos para exportar gás natural ao Paquistão foi assinado em 2009 e deveria ser implementado em 2015. Todavia, o projeto foi paralisado devido à pressão de Washington para que Islamabad aderisse às sanções ocidentais contra o projeto nuclear iraniano.
Conforme uma revisão do contrato de setembro de 2019, Teerã consentiu em não processar sua contraparte caso esta conclua o gasoduto até março de 2024.
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Noor Alam Khan, chefe do Comitê de Contas Públicas (PAC), agência de transparência, explicou: “Os Estados Unidos devem pagar a multa caso não aprovem o plano … É necessário acabar com sua abordagem de dois pesos e duas medidas – leniência com a Índia na questão das demandas energéticas, enquanto pune o Paquistão”.
Em março, o Ministério de Relações Exteriores em Islamabad manifestou receios sobre a multa.
“Em vista da importância deste projeto, na emergente conjuntura regional, a pasta explora suas opções, incluindo contatos e trocas substanciais com as partes interessadas, dentre as quais, Irã e Estado Unidos”, afirmou a chancelaria. “O Paquistão está comprometido com o plano firmado com Teerã. Ambos os lados negociam suas pendências”.