O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou que a reforma judicial de seu governo “certamente” voltará à agenda após a aprovação do orçamento público na noite desta terça-feira (23). A reforma deve enfraquecer o judiciário em favor do executivo.
“Estamos em busca de um entendimento, espero ter sucesso”, insistiu Netanyahu. “Vencemos as eleições, aprovamos o orçamento e continuaremos no governo por mais quatro anos”.
De acordo com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, a aprovação do orçamento “reflete a estabilidade do governo”. Ao exaltar o plano, Smotrich ignorou alertas de especialistas de que o foco em instituições ultraortodoxas pode prejudicar o crescimento econômico.
Segundo Smotrich, o orçamento deve encorajar a entrada de capital no setor de alta tecnologia e permitir investimento massivo no sistema de saúde, segurança e ensino superior.
“A economia de Israel é uma das mais fortes e estáveis do mundo”, alegou o ministro. “Sempre que tempestades econômicas incidiram sobre o mundo, fomos os primeiros a sair delas. É este o caso graças a nosso orçamento”.
A nova lei de tributação de posses, que retira recursos de autoridades locais para transferir a assentamentos ilegais, ao discriminar comunidades palestinas, deve corrigir um “equívoco” que existe há anos, reiterou Smotrich, conhecido por suas posições de ultradireita.
O chefe da oposição, Yair Lapid, contudo, descreveu o orçamento como “pior e mais destrutivo plano fiscal na história do país”.
“Não há boas notícias, não há luta contra a carestia, há apenas uma extorsão sem fim”, alertou o ex-premiê. “Este orçamento é uma violação do pacto público com os cidadãos de Israel. Todos nós e nossas crianças e os filhos de nossas crianças pagarão por isso”.
O chefe do partido Yisrael Beiteinu e ex-ministro das Finanças, Avigdor Lieberman, tuitou: “Este orçamento é uma mancha na história de Israel. Representa um saque contra o tesouro público e levará à destruição de nossa economia, com impacto particular à classe média, trabalhadores, contribuintes e servidores do exército”.
“Aqueles que apoiaram a proposta carregam responsabilidade pelo tsunami econômico dos próximos meses”, acrescentou.
Benny Gantz, chefe do bloco de União Nacional e longevo rival de Netanyahu, concluiu: “Hoje é um dia triste para o Estado de Israel”.
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