O major-general Ghassan Alian e o embaixador Gilad Erdan, ambos representantes de Israel, se reuniram na terça-feira (23) com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para tentar persuadi-lo a não adicionar o Estado ocupante à lista de países e entidades que atacam crianças durante conflitos.
De acordo com a rede de imprensa Jewish News Syndicate (JNS), ambos deram “informações” a Guterres sobre palestinos supostamente feridos por mísseis disparados da Faixa de Gaza sitiada que não teriam conseguido atravessar a fronteira com Israel.
Além disso, apresentaram a Guterres “evidências” de que as vítimas – isto é, menores de idade – estariam ligadas a “grupos terroristas”.
“O secretário-geral também recebeu exemplos de incitação terrorista [sic] dentro da Autoridade Palestina, tanto nas redes sociais quanto nas escolas, o que incorre no envolvimento de muitas crianças e adolescentes em tais atividades”, alegou a missão israelense na ONU.
A lista das Nações Unidas inclui entidades terroristas como Estado Islâmico (Daesh), Al-Qaeda e Boko Haram, responsáveis por perpetrar danos a crianças e adolescentes. A eventual inclusão de Israel corrobora denúncias de que o regime colonial sionista conduz crimes de guerra.
Um relatório de 2021 advertiu para a inclusão de Israel à lista caso o número de baixas entre menores palestinos subisse em 2022.
O relatório observou que autoridades da ocupação negaram 1.800 pedidos para que menores palestinos recebessem tratamento médico no exterior. No ano passado, operações israelenses resultaram na morte de ao menos 53 menores palestinos.
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Em nota, declarou Erdan: “Apresentamos ao secretário-geral dados claros para provar que a maioria dos menores palestinos mortos no último ano estavam envolvidos em atos de violência e terrorismo e que essa informação foi omitida da ONU”.
Erdan insistiu na tese de que “organizações terroristas usam crianças palestinas como escudos humanos e lançam foguetes e mísseis de áreas densamente povoadas”.
“Aqueles responsáveis por incitar e recrutar menores para atos de assassinato e terrorismo são quem deveria estar nessa lista e não as Forças de Defesa de Israel [FDI, sic], que é o exército mais moralizado do planeta”, apregoou o embaixador sionista.
A versão de Erdan é contestada pela própria precisão propagandeada pelas forças militares de Israel, que confirma possuir um dos exércitos mais tecnológicos do mundo.
Associações de direitos humanos reiteram que os ataques de Israel contra áreas civis são parte de uma política deliberada, com intuito de tentar dissuadir a resistência palestina.