A Confederação Europeia dos Sindicatos (ETUC), que representa 45 milhões de trabalhadores e suas entidades trabalhistas, decidiu nesta sexta-feira (26) aderir ao boicote a produtos fabricados nos assentamentos ilegais israelenses nos territórios palestinos.
A organização sindical reiterou a importância de medidas regulatórias para impedir que entidades integradas à da União Europeia importem ou exportem bens produzidos por forças ocupantes, em respeito aos tratados do bloco e ao direito internacional.
A decisão foi tomada durante o 15° Congresso da federação, realizado em Berlim.
Durante a conferência, Shaher Saad, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Palestina, agradeceu a posição de seus colegas europeus, ao citar o sofrimento do povo palestino, submetidos a um novo recorde de mortes desde janeiro, com 172 vítimas devido à ocupação.
“Israel se transformou por completo em uma liderança de extrema-direita e incubadora do racismo, terrorismo de Estado e violência colonial sem limites”, comentou Saad.
“O Estado ocupante mantém mais de 4.900 prisioneiros, incluindo 31 mulheres e 160 crianças, dentre as quais uma menina menor de 18 anos, além de mil presos sob detenção administrativa, incluindo seis crianças”, acrescentou.
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A federação europeia enfatizou a demanda por um acordo de paz e pela implementação da “solução de dois estados”, com Jerusalém Oriental como capital palestina.
Saad reafirmou à assembleia: “Muitos de vocês testemunharam parte do sofrimento ditado a nossos trabalhadores nos postos de controle militar e sob o injusto mercado de trabalho israelense. Nossos convidados deixaram de ser visitantes para serem testemunhas de crimes e violações, depois dos quais demonstraram a tão necessária solidariedade”.
“Ninguém no mundo pode discordar que a ocupação estrangeira de terras alheias representa uma calamidade a todos a raça humana”, insistiu Saad. “Se há algo no mundo que mereça condenação, repúdio e denúncia, é a ocupação israelense na Palestina, que presta a nosso povo indefeso tamanha violência e alimenta sua cobiça desenfreada com a vida dos inocentes”.
“Se a comunidade internacional tivesse realmente vontade política, levaria a ocupação à justiça, em particular, após o assassinato da jornalista Shireen Abu Akleh, ao instituir sobre Israel as penalidades que merece, como um Estado transgressivo que continua a violar a lei”.
O Congresso da Confederação Europeia dos Sindicatos é realizado a cada quatro anos. Noventa e três sindicatos de 41 países europeus participam da assembleia, além de dez federações trabalhistas de todo o continente.
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