O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos acusou a empresa paramilitar russa conhecida como Grupo Wagner de fornecer mísseis às Forças de Suporte Rápido (FSR) no Sudão, que combatem o exército regular, ao “contribuir com um conflito prolongado”.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Nesta quinta-feira (25), o Departamento de Tesouro impôs novas sanções ao chefe do Grupo Wagner no Mali, Ivan Aleksandrovich Maslov, ao denunciá-lo por tentar adquirir novos armamentos para alimentar a invasão militar russa sobre a Ucrânia.
“Recentemente, o Grupo Wagner passou a abastecer as Forças de Suporte Rápido com mísseis superfície-ar, ao contribuir com um conflito prolongado, cujo resultado é apenas mais instabilidade em toda a região”, declarou Washington em nota.
Em abril, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, insistiu que “autoridades legítimas” do Sudão têm o direito de usar os serviços do Grupo Wagner.
Ainda antes, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou “profunda preocupação” sobre as atividades da empresa em países assolados pela guerra.
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“[O Grupo Wagner] está presente nos mais diversos países, em toda a África. Sua característica, quando engajado, é meramente trazer mais morte e destruição”, alertou Blinken durante coletiva de imprensa junto do chanceler queniano, Alfred Mutua.
Nesta semana, a Organização Internacional para a Migração (OIM) confirmou que mais de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente desde o início dos confrontos entre o contingente regular sudanês e o grupo paramilitar, em meados de abril.
Divergências entre as partes – que compartilhavam o poder desde o golpe militar de outubro de 2021 – se intensificaram nos últimos meses, em particular, sobre a integração das Forças de Suporte Rápido às tropas oficiais, pré-requisito do processo de transição à democracia.
O Sudão não tem governo funcional desde o mais recente golpe, quando o exército depôs o premiê Abdalla Hamdok e declarou “estado de emergência”.
O período transicional começou em agosto de 2019, após a deposição do longevo ditador Omar al-Bashir, e deveria culminar em eleições livres no início de 2024.
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