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Rússia sugere fim do acordo de grãos do Mar Negro em julho, reforça demandas

Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, na cidade de Sochi, em 21 de dezembro de 2021 [Ministério de Relações Exteriores da Rússia/Agência Anadolu]

A Rússia reiterou nesta quinta-feira (25) que, caso demandas para ampliar exportações de grãos e fertilizantes não sejam cumpridas, não pretende estender o acordo de salvo-conduto a remessas de alimentos e insumos via três portos ucranianos no Mar Negro.

As informações são da agência de notícias Reuters.

O acordo – firmado entre Rússia, Ucrânia e mediado Turquia e Organização das Nações Unidas (ONU), em julho de 2022 – expira em 17 de julho próximo. O objetivo é atenuar a crise alimentar global, agravada pela invasão russa sobre o país vizinho.

A guerra é travada desde fevereiro do ano passado, sem qualquer solução política no horizonte. Ucrânia e Rússia são dois dos maiores exportadores de bens agrícolas do mundo, sobretudo trigo, com destino particular a países carentes no Oriente Médio e na África.

Moscou faz as mesmas ameaças desde março, mas concordou, na semana passada, em renovar o pacto por 60 dias.

Desde então, o Kremlin parece priorizar duas demandas: reiniciar as operações de um gasoduto que exporta amônia via porto ucraniano de Pivdennyi, com destino aos mercados globais; e reconectar seu banco agrícola (Rosselkhozbank) ao sistema internacional Swift.

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“Caso o Rosselkhozbank não seja vinculado ao Swift e não haja progresso na implementação de outros problemas sistêmicos que obstruem nossas exportações, a Iniciativa do Mar Negro também terá de buscar por alternativas”, advertiu a chancelaria russa.

Moscou sugeriu exportações por terra, via Europa, como alternativa, mas reiterou que se trata de um processo muito mais oneroso à Ucrânia.

O Rosselkhozbank foi suspenso do Swift pela União Europeia em junho, como parte das sanções contra a invasão da Rússia ao território ucraniano. Recentemente, um porta-voz da União Europeia admitiu que o bloco não considera reintegrar instituições russas na atual conjuntura.

Gasoduto de amônia

Para tentar persuadir a Rússia a permitir que o mercado ucraniano retomasse suas exportações de grãos no Mar Negro, no mesmo mês de julho, foi firmado um outro acordo de três anos conforme o qual a Organização das Nações Unidas (ONU) prestaria assistência ao Kremlin para realizar suas remessas de insumos alimentares e fertilizantes.

Sob o pacto – como opção ao retorno do Rosselkhozbank ao sistema Swift –, o banco americano JPMorgan Chase & Co, passou a processar os pagamentos pela exportação de grãos. Há promessas de que dezenas de novos empreendimentos entrem nesta estrutura.

O regime russo, no entanto, descarta a medida como ineficaz a longo prazo.

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As Nações Unidas trabalham com o Banco de Importação-exportação da África (Afreximbank) para desenvolver uma plataforma para processar as transações da Rússia sobre grãos e fertilizantes no continente, revelou uma fonte da entidade internacional na quarta-feira (24).

O acordo do Mar Negro também permite exportação segura de amônia. Contudo, o gasoduto usado para transportar 2.5 milhões de toneladas de amônia anualmente, entre o porto ucraniano de Pivdennyi e a cidade russa de Togliatti permanece inoperante.

Uma fonte do governo ucraniano destacou à Reuters, na última sexta-feira (19), que Kiev avalia permitir à Rússia transportar amônia via seu território caso o pacto do Mar Negro seja extendido não somente cronologicamente, mas também a outros portos e commodities.

Segundo o relato, o texto do acordo não prevê o trânsito de amônia russa via Ucrânia. “O envio de amônia, assim como a entrega de novas porções de grãos, embora não esteja escrito literalmente, está pressuposto na lógica do acordo”, contestou Moscou.

“Por que alimentos ucranianos continuam a ser exportados com êxito e a amônia russa permanece impedida de passar pelo porto de Yuzhny [Pivdennyi]?”, questionou.

Moscou também se queixou que não houve progresso em outros tópicos, como fim do embargo a máquinas e componentes agrícolas, suspensão das restrições sobre seguro e acesso de embarcações e cargas e desbloqueio de contas bancárias, sobretudo de empresas exportadoras de fertilizantes.

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