O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) advertiu nesta terça-feira (30) que mais de 13.6 milhões de crianças no Sudão dependem de assistência humanitária urgente para sobreviver – um recorde registrado no país.
Conforme a Unicef, prestar socorro humanitário às crianças sudanesas é mais importante do que nunca, dado que representam o grupo mais vulnerável sob os conflitos em curso. O comunicado reiterou ainda as crescentes dificuldades para prover serviços básicos.
Antes de eclodirem os confrontos, o número de crianças carentes era de aproximadamente nove milhões. “À medida que o conflito continua, o impacto sobre as crianças se torna mais devastador dia após dia”, comentou Adele Khodr, diretora regional da Unicef.
“As crianças não são apenas números”, reafirmou. “São indivíduos com famílias e sonhos. São o futuro do Sudão e não podemos ficar inertes enquanto suas vidas são destruídas pela violência. As crianças sudanesas merecem uma chance para sobreviver e prosperar. Não devemos poupar esforços para proteger as crianças e seus direitos”.
Conforme o comunicado, a situação – já grave antes do conflito – atingiu níveis catastróficos, de modo que a população civil carece de acesso a amenidades essenciais, como alimentação adequada, água potável, luz elétrica e telecomunicações.
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“Mais de um milhão de pessoas deixaram suas casas como deslocados internos, além de 319 mil que fugiram aos países vizinhos até então, metade das quais, crianças”, afirmou a Unicef.
Segundo o alerta, sem uma resposta imediata e abrangente, o impacto do deslocamento, falta de serviços básicos e proteção será devastador às crianças, inclusive a longo prazo.
A Unicef confirmou ter requerido um aumento nas doações no valor de US$253 milhões, para suprir as demandas adicionais, incluindo expandir os cuidados a mais de 620 mil crianças que sofrem de desnutrição aguda, metade das quais sob risco de vida.
Desde meados de abril, o Sudão é tomado por confrontos entre Forças Armadas e o grupo paramilitar conhecido como Forças de Suporte Rápido (FSR), que compartilhavam o poder desde de outubro de 2021, com cessar-fogo esporádico para fins humanitários.
Os combates mataram 865 civis e feriram outros 3.634, segundo os dados mais recentes do Sindicato dos Médicos do Sudão.
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