A Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) alertou que os recursos assegurados durante uma conferência de doadores em Nova York, realizada na sexta-feira (2), ainda não bastam para atender às demandas da agência a partir de setembro.
Doadores prometeram US$ 812,3 milhões em recursos, mas apenas US$ 107 milhões são novas contribuições. O valor é muito inferior aos US$ 300 milhões necessários para manter serviços a milhões de refugiados nos territórios ocupados e nos países vizinhos.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, afirmou que, embora a agência seja grata pelas promessas, estas permanecem aquém dos fundos necessários para manter mais de 700 escolas e 140 clínicas abertas no futuro próximo.
“Continuaremos a trabalhar incansavelmente com nossos parceiros, incluindo países anfitriões – aqueles que mais apoiam os refugiados – para arrecadar os fundos”, insistiu Lazzarini.
“A carência crônica de financiamento no decorrer de dez anos afetou severamente a qualidade de alguns serviços da UNRWA, refletida hoje em salas de aula superlotadas, maior dependência de trabalhadores contratados em caráter provisório – incluindo para serviços básicos como educação e saúde –, ativos esgotados e supressão de programas de ajuda econômica”, reportou a UNRWA.
A UNRWA foi criada em 1949 para atender aos refugiados palestinos na Jordânia, Líbano, Síria, Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém. A agência oferece suporte a 5,9 milhões de pessoas.
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Por anos, Israel conduz esforços para fechar a UNRWA, pois é a única agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com mandato específico para cuidar das necessidades dos refugiados palestinos. Segundo Israel, se a agência deixar de existir, a questão dos refugiados também não existirá mais e o direito legítimo de retorno será desnecessário.
Israel nega o direito de retorno dos refugiados desde o final da década de 1940, mesmo que sua adesão à ONU tenha sido condicionada a tanto.
A UNRWA depende quase inteiramente de doações voluntárias de países-membros das Nações Unidas, o que a torna extremamente vulnerável a grupos de lobby sionista com influência em capitais importantes.
A agência enfrentou grave crise durante a presidência de Donald Trump, nos Estados Unidos, após sua gestão interromper completamente as doações em 2018. Embora parte desses fundos tenha sido posteriormente restabelecida, não são suficientes para preencher a lacuna.
Os Emirados Árabes Unidos também reduziram significativamente o envio de recursos em 2020, à medida que normalizava relações com Israel. Segundo Sami Mshasha, os Emirados doaram US$ 51,8 milhões à UNRWA em 2018 e 2019, mas apenas US$ 1 milhão no ano seguinte.
O Reino Unido cortou em mais da metade seus fundos à UNRWA, de US$ 57,2 milhões em 2020 para US$ 28 milhões em 2021. Doações britânicas constituíam a terceira maior remessa em 2020, mas as reduções drásticas puseram o país no segundo escalão de doadores.
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