Hanan Khashoggi, viúva do jornalista saudita Jamal Khashoggi, registrou em um processo cível o fato de que a empresa de vigilância israelense NSO invadiu e espionou suas mensagens ao marido nos meses que antecederam seu assassinato, realizado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O processo foi registrado nesta quinta-feira (15) no Distrito Norte da Virgínia.
Segundo Hanan, ao invadir deliberadamente seus aparelhos, a companhia “causou imenso dano, tanto por meio da trágica perda do marido quanto pela perda de sua própria segurança, privacidade e autonomia”.
LEIA: Arábia Saudita promove juiz que ‘encobriu’ assassinato de Khashoggi
O grupo NSO, a princípio, alegou não ter informações sobre o processo. Após receber uma cópia dos documentos legais, tampouco respondeu à firma de advocacia.
A empresa – responsável por exportar tecnologia israelense a agências de inteligência em todo o mundo – negou envolvimento nos esquemas de vigilância que culminaram na execução de Jamal Khashoggi – colunista do The Washington Post –, em outubro de 2018.
Em 2021, a inteligência americana concluiu que Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, aprovou pessoalmente a operação contra o dissidente e jornalista. Riad nega as evidências, ao insistir na tese de ações clandestinas.
O uso do spyware Pegasus pela monarquia é notável ainda em outros casos. No último ano, autoridades tentaram invadir o celular de Loujain al-Hathloul, ativista por direitos das mulheres, mas foram flagradas por pesquisadores, o que levou à descoberta de milhares de vítimas e uma série de processos legais e governamentais.
Os Estados Unidos impuseram restrições a negócios com a NSO, por apreensões referentes aos direitos humanos. A empresa é alvo ainda de uma onda de processos de grandes corporações, incluindo Apple e Meta – proprietária do WhatsApp e Facebook.