Volker Turk, comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, informou ontem (19) que seu gabinete recebeu denúncias de violência sexual contra ao menos 53 mulheres e meninas em meio aos confrontos no Sudão.
Entre 18 e 20 mulheres foram estupradas em um único incidente, declarou Turk, durante pronunciamento realizado no Dia Internacional da ONU para Eliminação da Violência em Situações de Conflito.
Turk expressou “consternação” sobre as denúncias de violência sexual, ao comentar que, na maioria dos casos registrados, os agressores são membros da coalizão paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR), que combate o exército regular.
“Continuamos a ver este conflito absurdo ser travado com absoluta impunidade”, reiterou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou apreensão sobre a dimensão étnica da violência que toma o estado de Darfur Ocidental, ao alertar que ataques contra civis com base em sua identidade étnica equivalem a crimes de lesa-humanidade.
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“Estou particularmente preocupado com relatos de violência sexual e de gênero, além da dimensão étnica da violência em el Geneina”, enfatizou Guterres durante um evento para angariar fundos às operações humanitárias da ONU no Sudão.
O evento foi lançado online sob presidência da Arábia Saudita, com participação de Catar, Egito, Alemanha, ONU e União Europeia.
Guterres reivindicou com urgência o fim das agressões a trabalhadores humanitários no país norte-africano, além de ataques contra infraestrutura civil e redes assistenciais.
No sábado (17), Arábia Saudita e Estados Unidos anunciaram uma trégua de 72 horas no Sudão, a partir das 6h00 locais.
O conflito em curso deixou centenas de mortos e milhares de feridos até então.
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