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Erdogan culpa colonialismo por tornar o Mediterrâneo um ‘cemitério de refugiados’

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em 13 de junho de 2023 [Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu]

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, culpou a mentalidade colonial por tornar o Mar Mediterrâneo um “cemitério de refugiados”, em comentário proferido no Dia Mundial dos Refugiados.

Erdogan destacou que as pessoas são forçadas à diáspora por diferentes razões, como conflitos, guerra civil, fome e seca.

Conforme dados recentes, o número de deslocados em todo o mundo atingiu 110 milhões de pessoas, dentre as quais 35.3 milhões de refugiados em países terceiros e 62.5 milhões de deslocados internos.

A posição de Ancara sobre a migração irregular e a questão dos refugiados permanece a mesma, insistiu Erdogan, recém eleito a um terceiro mandato.

“Acreditamos que se trata de uma questão global. Temos de nos concentrar na segurança da Turquia e em proteger a vida e a dignidade de nosso povo”, destacou Erdogan. “Nossa nação abraçou aqueles que fugiram da opressão por séculos, sem discriminação, e exibiu a mesma postura consciente diante das crises de nossa região, desde a Síria até a Ucrânia”.

 

A vitória de Erdogan e questão dos refugiados na região [Sabaaneh/MEMO]

A Turquia, alegou Erdogan, sempre cumpriu seu dever humanitário. “Apoiamos projetos para o retorno seguro e voluntário dos refugiados a suas terras”, enfatizou o presidente, apesar de denúncias de coação do retorno a localidades de risco.

Refugiados se tornaram bode expiatório nas recentes eleições presidenciais da Turquia, com ambos os lados da disputa prometendo devolvê-los a seus países. O candidato oposicionista, Kilic Kilicdaroglu, prometeu forçar seu retorno; Erdogan recorreu a um discurso mais ameno, embora com o mesmo resultado.

Neste sentido, o presidente reeleito reiterou seu repúdio à islamofobia, xenofobia, neonazismo e discursos de ódio, mas culpabilizou raízes no Ocidente.

“Consideramos essas tendências patológicas, que desconsideram a humanidade de todos, salvo aqueles da mesma raça, cultura ou crença, como ameaça aos valores e ao futuro da humanidade”, enfatizou Erdogan.

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“Culpamos a mentalidade desumana que tem raízes no colonialismo por transformar o Mediterrâneo em um cemitério de refugiados”, declarou, em alusão a um naufrágio na semana passada que matou centenas de pessoas.

“A tragédia no Mar Egeu, com centenas de vítimas inocentes, sobretudo crianças, é o mais recente e mais vergonhoso exemplo dos frutos dessa mentalidade”, acrescentou.

O presidente turco instou a comunidade internacional – “em particular, países que tentam dar lições sobre direitos humanos e democracia” – a assumir sua responsabilidade sobre a crise dos refugiados.

Para solucionar o problema, segundo Erdogan, é preciso eliminar suas causas.

“O Compacto Global sobre Refugiados proposto em 2018 pela ONU, com contribuição ativa da Turquia, é importante”, concluiu. “Porém, esperamos que o Dia Mundial dos Refugiados sirva para trazer maior conscientização global, impedir tragédias e solucionar os problemas dos refugiados em todo o planeta”.

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