A Organização das Nações Unidas (ONU) vem resistindo à pressão de um grupo chefiado por Washington para encerrar o mandato da Comissão de Inquérito de seu Conselho de Direitos Humanos, incumbido de investigar crimes de guerra e apartheid cometidos por Israel.
A embaixadora americana Michele Taylor expressou “profunda preocupação com o mandato sem prazo de encerramento” da comissão. Países como Áustria, Reino Unido, Canadá e Itália se juntaram ao coro contra as atividades, sob a alegação de “atenção desproporcional” dada a Tel Aviv.
A Comissão de Inquérito foi formada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2021, após as incursões do exército israelense à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, no mês islâmico do Ramadã. Os ataques a Al-Aqsa foram sucedidos por bombardeios contra a Faixa de Gaza.
Ao menos 253 pessoas foram mortas, incluindo 66 crianças e 35 mulheres, durante 11 dias de ofensiva indiscriminada contra a população civil do território sitiado. Dois mil palestinos ficaram feridos, dezenas de milhares foram forçados a deixar suas casas.
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Desde então, grupos supremacistas judaicos investiram contra propriedades palestinas, incitando repúdio internacional. Colonos compartilharam selfies com armas e legendas como “Hoje não somos judeus, somos nazistas”.
A escalada resultou na criação da Comissão de Inquérito, cujo mandato envolve investigar “todas as causas subjacentes das recorrentes tensões, instabilidade e conflito, incluindo a discriminação e repressão sistêmica contra identidades nacionais, étnicas e religiosas”.
Desde então, o órgão divulgou diversos relatórios, com denúncias graves contra Israel.
A ocupação opõe-se veementemente à iniciativa e buscou difamar relatores como “antissemitas”.
Membros da Comissão de Inquérito responderam à pressão de Taylor em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra nesta terça-feira (20).
“Gostaríamos de ver o fim da ocupação … mas até que isso ocorra nosso mandato é mais do que justificado”, destacou Miloon Kothari, um dos relatores.
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