Palestinos que testemunharam a mais recente invasão militar israelense a Jenin, no norte da Cisjordânia, nesta segunda-feira (19), denunciaram um “clima de guerra” na região, segundo informações da agência de notícias Anadolu.
A operação israelense matou ao menos seis palestinos e deixou outros 91 feridos.
Mohammed Abu Hatab (39), residente de Jenin, afirmou na terça-feira (20) ter despertado na madrugada ao som de artilharia pesada: “Pensamos que já estávamos em guerra”
“Por cerca de dez horas, nossa casa foi cravada de balas. Então, começaram a bombardeá-la com um helicóptero. O barulho foi terrível. As explosões não tinham fim”, comentou Hatab, ao descrever momentos de horror.
Hatab relatou que veículos de uso familiar foram bastante danificados pelo ataque.
Mahmud Sadi, outro residente local, reportou que soldados “agiram com sentimento de vingança ao encontrarem resistência”.
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“Os soldados vieram para prender nossos filhos. Houve resistência e alguns soldados ficaram feridos”, afirmou Sadi. “Eles não gostaram nada disso e começaram a atirar a esmo contra as casas, ambulâncias e jornalistas”.
Bombardeio à mesquita
Relatos e imagens que viralizaram nas redes sociais confirmaram que helicópteros Apache das Forças Armadas de Israel investiram contra a cidade e atacaram a Mesquita Munzir de Jenin. Janelas e colunas foram destruídas, com marcas de bala por toda a parte.
Seis palestinos foram mortos e 91 feridos, incluindo 23 em estado grave, confirmou o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP).
Sete soldados israelenses foram feridos durante uma emboscada improvisada durante a operação, corroborou um comunicado militar.
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Trata-se da primeira vez que helicópteros disparam mísseis contra áreas residenciais da Cisjordânia desde 2002 – no contexto da Segunda Intifada.
Repúdio internacional
A ofensiva de Israel atraiu uma onda de repúdio internacional, incluindo do Egito, Catar, Jordânia, Turquia e União Europeia.
A Cisjordânia ocupada vive uma escalada de tensões há meses, em meio a reiteradas incursões israelenses e ataques de colonos ilegais contra os palestinos nativos.
Cerca de 165 palestinos – na maioria, civis – foram mortos por Israel desde janeiro, segundo estimativas. Em contrapartida, vinte e um israelenses foram mortos por ações de resistência.
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