O Egito deve agir para salvar sua economia, sob o risco de obter empréstimos cujo único resultado será como “tentar encher um balde furado”, enfatizou em entrevista Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Georgieva identificou três passos para aprimorar a competitividade da economia egípcia: “Retirada [do governo] de atividades mais adequadas ao setor privado; apoio aos grupos vulneráveis e menos benefícios aos ricos; melhora das reservas estrangeiras do país”.
A economista destacou a necessidade de tais medidas para evitar a falta de recursos em dólar, ao anunciar que sua entidade avaliará as condições no Egito em setembro.
O país representa o segundo maior credor do FMI, depois da Argentina.
“É importante que o Egito aja contra o esgotamento de reservas estrangeiras, pois, caso contrário, será como tentar encher um balde furado”, insistiu Georgieva. “Não é apenas questão de economia, mas também de política econômica”.
LEIA: Empresários egípcios boicotam o dólar americano
O Egito adotou a flutuação de sua moeda em 2016, culminando na desvalorização da libra nacional em cerca de 50% contra o dólar desde fevereiro de 2022, quando a invasão russa na Ucrânia levou a um êxodo de investidores e carência de capital externo.
Além disso, a população empobrecida enfrenta carestia agravada pela escassez de trigo e combustíveis oriunda da guerra no Leste Europeu.
O regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi insiste em recorrer a empréstimos internacionais, mas limita sua austeridade à população, mantendo intactos as benesses concedidas a militares e empreiteiras ligadas ao exército.