Talibã reforça proibição de mulheres no serviço humanitário

Nesta semana, autoridades do Talibã voltaram a ordenar que mulheres deixem de prestar serviços humanitários na província afegã de Kandahar, conforme uma carta trocada entre departamentos do Ministério de Refugiados do país.

A medida reforça leis contra as mulheres, apesar de protestos das organizações.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Conforme o documento, agências violaram as normas do Talibã no que se refere ao trabalho com refugiados de Spin Boldak, pequena cidade perto da fronteira com o Paquistão. A carta foi confirmada por um porta-voz do governo local.

“Todas as organizações parceiras, que trabalham junto do Departamento de Refugiados e Repatriação de Spin Boldak … devem pedir às mulheres que não vão ao trabalho e fiquem em casa até segunda ordem”, declarou a mensagem.

Um porta-voz da agência de coordenação humanitária das Nações Unidas confirmou ciência das diretrizes afegãs, mas reiterou buscar esclarecimentos sobre a medida.

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O documento voltou a dar destaque ao clima de incerteza sobre o trabalho humanitário no Afeganistão, em meio à crise que assola o país. Entidades buscam isenção das normas para que suas trabalhadoras possam operar em segurança.

O Talibã prometeu em janeiro estabelecer uma série de diretrizes para permitir que grupos assistenciais operem com equipes femininas em algumas circunstâncias, mas não outorgou resultados até então.

“Como sabemos, conforme decreto do Supremo Líder, mulheres empregadas pelas agências não podem trabalhar até nova ordem”, alegou a carta, em alusão a Haibatullah Akhundzada, líder espiritual de Kandahar.

“Infelizmente, algumas organizações parceiras insistem que mulheres trabalhem, em flagrante violação às diretrizes”, acrescentou.

O Conselho de Refugiados da Noruega, ong internacional, afirmou em maio ter obtido isenção para suas operações em Kandahar com equipes femininas. Nesta semana, no entanto, preferiu não comentar as restrições do Talibã.

As proibições de trabalho e educação impostas às mulheres pelo Talibã são alvo de críticas internacionais. Diplomatas insistem que o reconhecimento do regime exige mudança.

O Talibã tomou o poder no país após os Estados Unidos retirarem suas tropas em 2021, após 20 anos de ocupação militar. O grupo alega respeitar os direitos das mulheres conforme sua interpretação das leis islâmicas e dos costumes locais.

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