O grupo de países emergentes conhecido como Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – continua a atrair solicitações de entrada de diversas nações, à medida que pondera sua expansão nos próximos meses.
Na busca de um mundo multipolar, Brasil, Rússia, Índia e China fundaram o grupo em 2009, com a adesão da África do Sul ao bloco original no ano seguinte.
Os Brics costumam criticar resoluções e estruturas desiguais instituídas pelo Grupo dos Sete (G7), composto pelas maiores potências industriais do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, com representação da União Europeia.
Além disso, reivindicam reformas nas instituições e normas internacionais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Com quase 42% da população global, os países dos Brics abarcam hoje 18% das exportações. No entanto, seu produto interno bruto (PIB) supera a soma dos países do G7. De acordo com dados do Banco Mundial, o PIB dos Brics subiu de 18% em 2010 a 26% em 2021.
Desde sua criação, o bloco evoluiu a uma espécie de coalizão geopolítica, assumindo uma postura independente sobre questões globais distintas da centralidade ocidental.
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Apesar das turbulências em algumas de suas nações – como os quatro anos de presidência de Jair Bolsonaro no Brasil, que afastou o país de Pequim e resultou em queda no ranking econômico global –, os mercados dos cinco membros originais continuam a crescer.
Os Brics realizam cúpulas anuais desde 2009, com enfoque político e econômico. À véspera de sua 16ª cúpula, em Johanesburgo, na África do Sul, de 22 a 24 de agosto, o bloco atraiu olhares de possíveis aliados e novos membros.
A China assumiu protagonismo devido a seu poderio econômico, ao cobrir incertezas sobre a Rússia em meio à invasão da Ucrânia. O Brasil, de sua parte, reaveu sua centralidade após a posse do presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro deste ano, com foco particular na questão estratégica ambiental.
Na última semana, Lula viajou a Paris, para participar da Cúpula para o Novo Pacto Global de Financiamento, promovida pelo presidente Emmanuel Macron.
Na quinta-feira (22), Lula se reuniu com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. Segundo a presidência brasileira, ambos debateram a cúpula e opções para uma solução pacífica do conflito na Ucrânia.
À tarde, Lula discursou em frente à Torre Eiffel, para milhares de pessoas no festival Power Our Planet, ocasião na qual reafirmou a responsabilidade das grandes potências na questão ambiental e reforçou seu compromisso em zerar o desmatamento da Amazônia até 2030. Sob aplausos, Lula reiterou o convite à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) em Belém, no estado do Pará.
Durante o encontro de líderes globais, Lula buscou se concentrar no tema “desigualdade”, ao pedir mudanças nas estruturas internacionais, criticar as demandas da União Europeia para firmar acordos com o Mercosul e reivindicar a desdolarização da economia.
Novo Banco do Desenvolvimento
No campo econômico, os Brics fundaram em 2015 o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), com o intuito de conceder empréstimos a países pobres e emergentes, como alternativa a instituições convencionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
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Com a ascensão dos Brics, Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrein, Bangladesh, Bieolorrússia, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Senegal, Sudão, Tailândia, Tunísia, Uruguai, Venezuela e Zimbábue expressaram interesse em aderir ao bloco. Argentina, Argélia, Irã e Egito já solicitaram formalmente sua entrada aos Brics.
Os líderes do bloco debaterão os pedidos junto de uma “agenda abrangente” em sua cúpula de agosto. A ideia é construir multipolaridade nas relações globais, o que pode atrair novos candidatos. Espera-se que os requerentes atuais sejam aceitos ao grupo.