Israel nega construção a meio milhão de residentes palestinos, segundo reportagem

Mais de meio milhão de cidadãos palestinos radicados no território considerado Israel – isto é, capturado durante a Nakba, via limpeza étnica, em 1948 – tiveram alvarás de construção negados pelas autoridades da ocupação, segundo reportagem especial da agência Safa.

Além disso, o Estado israelense emitiu cem mil ordens de demolição e despejo contra seus “cidadãos árabes”.

Conforme a investigação, os palestinos no país vivem uma grave crise habitacional devido às políticas de sufocamento impostas por sucessivos governos em Tel Aviv, a fim de limitar seus números. Estima-se que haja hoje cerca de 1.7 milhão de palestinos radicados em Israel.

Ahmed Melhem, membro do Comitê para Defesa da Terra e da Habitação da aldeia de Ara, nos arredores de Haifa, reportou à Safa que mais de 60% das casas palestinas nos territórios de 1948 não têm plantas ou alvará de construção, devido à segregação imposta pelo regime de apartheid.

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Melhem reiterou que, apesar do altíssimo índice de demolição e multas contra os palestinos, cidadãos judeus que cometem transgressões a normas habitacionais são tratados de forma distinta. Para o oficial palestino, a política visa “assentar violações”.

Mais de 90% das ordens de demolição contra os palestinos são implementadas, prosseguiu o relato, enquanto ordens contra cidadãos judeus costumam ser revogadas mediante acordo. A política forçou ao menos cinco mil residentes a emigrar, informou Melhem, como parte da “guerra demográfica” travada pela ocupação.

“Nós, palestinos, somos conhecidos por viajar para estudar ou trabalhar, então retornar; no entanto, aqueles que emigraram não conseguem voltar”, destacou Melhem, ao denunciar as instituições israelenses por executar uma ofensiva socioeconômica contra os palestinos.

“Violações administrativas significam que a parte lesada não pode recorrer às cortes e têm de pagar 600 mil shekels (US$165 mil) em dois meses, para impedir que seus negócios sejam destruídos”, elucidou Melhem. “Então, tem de pagar pela licença”.

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“Naturalmente, é uma multa altíssima, acima das possibilidades da maioria dos proprietários de negócios, lojas, fábricas etc”, acrescentou. “Os palestinos, portanto, são forçados muitas vezes a demolir suas lojas e trabalhar em Tel Aviv ou outras cidades judaicas”.

Melhem concluiu com um alerta: caso tamanha pressão continue, um confronto é inevitável.

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