O número de queixas de discriminação na Alemanha subiu 14% em 2022 comparado ao ano anterior, com um total de 8.827 denúncias, reportou na terça-feira (27) a Agência Federal de Combate à Discriminação.
“Jamais tivemos tanta gente submetendo pedidos à nossa agência quanto no ano passado”, comentou Ferda Ataman, diretora da instituição, durante lançamento de um relatório sobre a matéria em Berlim, segundo informações da rede de notícias Anadolu.
Ataman reiterou que é comum na Europa leis que assegurem igualdade de tratamento entre os indivíduos e proíbam atos de discriminação com base em idade, deficiência, gênero, raça ou identidade sexual. Na Alemanha, tais determinações são estabelecidas pelo Ato Geral de Tratamento Igualitário (AGG).
Conforme o relato, o maior número de queixas (43%) se refere a casos de racismo, seguido por capacitismo (27%), discriminação de gênero (21%), idade (10%) e religião ou ideologia (6%). A maioria das denúncias se refere ao acesso a serviços e emprego.
LEIA: Alemanha volta atrás em repúdio a inquérito da ONU sobre crimes de Israel
Ataman enfatizou, contudo, que as queixas registradas são apenas a ponta do iceberg e não dão a verdadeira dimensão total do problema.
Ataman advertiu que ostracizar pessoas com deficiência, excluir cidadãos com 50 anos ou mais do mundo do trabalho e impedir famílias com sobrenomes árabes ou turcos de alugar ou comprar casas não podem ser considerados incidentes normais.
“Os números mostram isso”, destacou. “Recebemos mais queixas do que podemos lidar”.
Ponto mais baixo da República
Ataman criticou a vitória eleitoral do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no distrito de Sonneberg no domingo (25) como o “ponto mais baixo” da República, dadas as posições populistas e xenofóbicas do movimento ascendente de extrema-direita.
ASSISTA: Alemanha acusa ativistas judeus de ‘antissemitismo’ ao impedir ato sobre a Nakba
Trata-se da primeira vitória do partido em uma eleição distrital no país – um potencial ponto de virada para a paisagem política da Alemanha federativa. Os resultados foram classificados por analistas como um “divisor de águas”.
“Como combatentte contra a discriminação, me vejo comprometida a defender todos que sofrem discriminação na Alemanha”, acrescentou Ataman. “As pessoas estão com medo por seu futuro em nosso país”.
Ataman instou políticos e autoridades a ouvir os alertas, em vez de normalizar discursos de extrema-direita.