O ministro de Relações Exteriores da Autoridade Palestina (AP), Riyad al-Maliki, condenou os recentes ataques de colonos israelenses contra aldeias e cidades da Cisjordânia ocupada, ao descrevê-los como “terrorismo organizado e executado pelo Estado de Israel”.
“O exército [israelense] de fato protege colonos incumbidos de instilar medo, terror, morte e destruição nas terras palestinas”, reafirmou al-Maliki durante entrevista concedida à agência de notícias Anadolu.
Segundo o chanceler, o objetivo desses ataques é “expulsar os palestinos de suas terras para ampliar o projeto de assentamentos ilegais”.
“Os ataques de colonos nas áreas ocupadas da Cisjordânia são então, na prática, executados pelo Estado de Israel”, reiterou. “Trata-se, portanto, de terrorismo organizado”.
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Frustrado pela abordagem da comunidade internacional sobre as violações, al-Maliki insistiu que notas de repúdio não bastam. “Esperamos dos países contrários à ocupação que cortem laços com Israel, instaurem sanções e reconheçam os colonos como terroristas ilegais”.
Estimativas indicam que cerca de 700 mil colonos ilegais vivem em 164 assentamentos e 116 postos avançados na Cisjordânia ocupada. Todos são ilegais sob a lei internacional.
Apelos internacionais
Al-Maliki instou a comunidade internacional – sobretudo o Tribunal Penal Internacional (TPI) e as instituições relevantes – que ajam para conter os ataques coloniais.
“A Palestina trabalha duro para reportar as declarações de oficiais do governo israelense e os ataques coloniais ao Tribunal Penal Internacional, a fim de acelerarmos a investigação sobre os crimes terroristas de Israel”, destacou o ministro.
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Al-Maliki observou que até mesmo alguns oficiais do Estado sionista descreveram os ataques executados por colonos na Cisjordânia como “terrorismo nacionalista”.
No entanto, afirmou: “A ideia por trás dessas falas é proteger as instituições israelenses aos olhos da lei internacional e mostrar uma suposta diferença entre atos terroristas cometidos por colonos e atos terroristas cometidos por agências do Estado”.
“Os palestinos, contudo, sabem que o terrorismo existe – não apenas por parte dos colonos, mas também por parte do Estado”.
‘Guerra religiosa’
Conforme al-Maliki, os ataques perpetrados por forças israelenses estimulam um estado de conflito incessante. “A manutenção da situação em curso certamente levará a região a uma guerra religiosa”, advertiu o diplomata.
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“A comunidade internacional precisa agir com urgência, antes que cheguemos a um ponto de não retorno”, acrescentou.
Relações Palestina-Turquia
O ministro de política externa reiterou que as relações entre Turquia e Palestina são mais do que amistosas: “O governo e o povo da Turquia dão enorme importância ao que acontece na Palestina; os líderes turcos estão entre os primeiros a reagir aos crimes de Israel”.
Segundo sua análise, “a visão da Turquia sobre a Palestina está à frente de muitos países”.
“A Palestina está pronta para coordenar todas as medidas necessárias junto das autoridades turcas para proteger os direitos de nosso povo”, complementou.
Visita de Abbas a China
Al-Maliki confirmou que, durante sua visita à China, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, não fez nenhum comentário particular sobre as condições da comunidade turcomana uigur na província de Xinjiang.
“Rumores de que o presidente ou qualquer oficial palestino tenham abordado a questão dos uigures turcomanos na China não são verdadeiras”, comentou al-Maliki. “Trata-se de notícias fabricadas com intuito de prejudicar relações com a Turquia”.
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“Nós, como Autoridade Palestina, não temos compromisso com cada palavra ou posição de Estados terceiros”, declarou o chanceler, ao reafirmar a autonomia política de sua gestão. O diplomata afirmou que Abbas expressou, porém, apoio ao conceito de “uma China”.
“O presidente confirmou que a China tem o direito de tratar das questões de Taiwan e Hong Kong”, explicou. “Contudo, assuntos de direitos humanos não devem ser politizados”.
Al-Maliki insistiu que a posição palestina está alinhada com a Liga Árabe, a Organização para Cooperação Islâmica, o Movimento de Países Não-alinhados e Nações Unidas.