Em entrevista nos EUA, Netanyahu promete abandonar parte da reforma judicial

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alegou ter abandonado pontos centrais de seu controverso plano de reforma judicial, sob protestos de massa que abalam o país há meses. Netanyahu prometeu voltar atrás em elementos que reduziriam o poder da Suprema Corte, mas insistiu em mudanças na escolha dos ministros.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em entrevista publicada no website do Wall Street Journal, nesta quinta-feira (29), o premiê afirmou abandonar uma cláusula que daria ao parlamento israelense (Knesset) poderes para reverter decisões da Suprema Corte. “Joguei isso fora”, destacou Netanyahu.

Segundo seu relato, outra cláusula proposta por seu governo de extrema-direita, para que o poder executivo tenha palavra final na indicação de juízes, sofrerá emendas; entretanto, não será descartada.

“A forma que escolhemos ministros não será a mesma proposta pelo texto atual, tampouco se dará em sua estrutura original”, declarou Netanyahu sem conceder detalhes.

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Os comentários incomodaram, no entanto, seu ministro de Segurança, Itamar Ben-Gvir, que acusou Netanyahu de ceder aos manifestantes. “Fomos eleitos para trazer mudanças e essa reforma é a pedra angular de nossas promessas”, tuitou Ben-Gvir.

Nesta quinta-feira (29), o shekel israelense registrou queda pela terceira semana consecutiva (0.6%), totalizando baixa de 3.7% em relação ao dólar. A bolsa de ações de Tel Aviv, por sua vez, registrou queda de 0.4%.

De acordo com Stuart Cole, diretor de Macroeconomia da Equiti Capital de Londres, a queda decorreu de comentários recentes de Netanyahu nos quais declarou avançar na tramitação da reforma. Diante das novas promessas, observou Cole: “Embora não seja algo tão radical e polêmico quanto o plano original, mudanças ainda parecem estar a caminho”.

A coalizão de governo apresentou o projeto em janeiro, logo após tomar posse, ao acusar a Suprema Corte de agir politicamente.

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A iniciativa deflagrou protestos de massa, sob alertas de risco à imagem da democracia em Israel, além de apreensão por parte de investidores. Neste contexto, Washington instou seu maior aliado na região ao diálogo interno, em vez de adotar mudanças rápidas e unilaterais prejudiciais à estrutura institucional israelense.

Diante da pressão popular e econômica, Netanyahu suspendeu sua reforma em março. Ao reaver a tramitação, porém, alegou acelerá-la. Nesta semana, seu governo começou a redigir um novo texto para reduzir contrapesos do judiciário frente ao executivo.

Líderes da oposição não comentaram até então os mais recentes comentários de Netanyahu – réu por corrupção e crimes de responsabilidade.

Seu gabinete tampouco forneceu detalhes.

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