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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Narrativa de segurança de Israel reina suprema e com impunidade

Protesto palestino contra a violência isrelense em Jenin, na Cidade de Gaza, em 3 de julho de 2023 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

“Apoiamos a segurança de Israel e o direito de defender seu povo contra grupos terroristas [sic] como Hamas, Jihad Islâmica e outros”, comentou o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca sobre os recentes ataques israelenses contra o campo de refugiados de Jenin. A área empobrecida e densamente povoada foi atingida por drones armados em uma das maiores operações da ocupação em duas décadas. Residentes foram forçados a deixar suas casas, ao criar possivelmente mais uma onda de refugiados e deslocados internos. Conforme a mídia israelense, o governo ocupante de extrema-direita informou os Estados Unidos de sua brutal ofensiva a Jenin uma semana antes de conduzi-la.

Washington, evidentemente, finge-se de bobo diante da escalada de violência realizada por colonos e agentes do Estado de Israel contra os palestinos nativos na Cisjordânia. Contudo, a resposta popular à violência e incitação em curso representa justamente consequências que Israel e Estados Unidos desejam conter. A narrativa sobre o Hamas e a Jihad Islâmica omite, por conveniência, a verdadeira intenção por trás dos avanços coloniais: impedir que uma nova resistência palestina ganhe unidade e força nas terras ocupadas.

Durante discurso no Dia da Independência dos Estados Unidos, neste 4 de julho, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enalteceu a agressão a Jenin. “Constantemente, determinamos uma nova equação contra o terrorismo”, insistiu o premiê, ao agradecer seu maior aliado no Ocidente por seu apoio militar e inversão retórica e exaltar a intervenção americana na região como um ato libertário. “A liberdade é preciosa, mas jamais é gratuita. Requer ações firmes e decisivas contra aqueles que espalham o terrorismo [sic] e ameaçam as sociedades livres”. Netanyahu excluiu, naturalmente, o contexto colonial por trás dos atos deliberados de ambos os parceiros, ao rotular a resistência legítima do povo oprimido como “terrorismo”, a fim de manter o verniz israelense de democracia como pretexto à violência e ao expansionismo colonial.

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Enquanto isso, a Autoridade Palestina anunciou que sua missão é “proteger o povo palestino e disponibilizar toda sua capacidade para este propósito”. O silêncio à asneira seria a melhor opção. Desde quando a Autoridade age para proteger os palestinos? É seu próprio serviço de segurança que oprime os palestinos não apenas em nome de seu escasso poder político, como em favor da ocupação. Mesmo Netanyahu reconheceu, na última semana, ao Knesset (parlamento israelense): “Temos interesse em continuar a trabalhar com a Autoridade. Nas áreas em que pode agir, faz o trabalho por nós”.

Ou será que a Autoridade se esqueceu de sua aliança com Israel e Estados Unidos para que continuasse no poder? Washington já indicou que não deseja nenhuma mudança no status quo, ao conservar a Autoridade como bucha de canhão de ações coloniais. Neste entremeio, reiterou Netanyahu ao Knesset: “Queremos eliminar as aspirações [árabe-palestinas] por um Estado”. Não importam as notas de repúdio da Autoridade, a verdade é que sua colaboração com Israel, seja contínua ou intermitente, reforça a narrativa colonial de que representantes do povo palestino reconhecem e apoiam o direito de Israel de “autodefesa”, em detrimento da população nativa.

Os serviços de segurança da Autoridade existem apenas para servir Israel. A retórica vazia da Autoridade diante da agressão militar ignora este fato incontestável. Além disso, busca virar os holofotes à anuência da Casa Branca às agressões em Jenin, ao encobrir o fato de que, sem os sucessivos bombardeios e ataques de Israel, a nova resistência palestina poderia crescer ao ponto de transformar a realidade política de seu país. Enquanto isso, a narrativa de Israel reina suprema e com impunidade.

ASSISTA: Exército israelense cria caos em Jenin, na Cisjordânia ocupada 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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