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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Milhares deslocados por operação israelense na Cisjordânia, violência se espalha

Veículos militares israelenses invadem Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 3 de julho de 2023 [Nedal Eshtayah/Agência Anadolu]

Milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas casas no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, em meio à maior operação militar israelense a abater a região desde a Segunda Intifada, em quase duas décadas.

Israel mantém forte presença armada na cidade desde segunda-feira (3).

As informações são da agência de notícias Reuters.

O exército israelense insiste q ue seu objetivo é destruir infraestrutura e arsenais de “grupos terroristas” – isto é, grupos de resistência anticolonial e popular.

A operação teve início com um ataque a drone nas primeiras horas de segunda. Em seguida, mais de mil soldados foram enviados a Jenin. Ao menos dez pessoas foram mortas; dezenas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP).

“Neste momento, estamos concluindo a missão e posso dizer que nossa atividade extensiva em Jenin não será uma operação isolada”, prometeu o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em um checkpoint militar na região de Jenin.

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O campo de refugiados densamente povoado – onde 14 mil pessoas vivem em menos de 1 km² – é um dos epicentros da escalada de violência colonial que varre a Cisjordânia ocupada há mais de um ano. As sucessivas incursões do exército israelense e pogroms cometidos por colonos, junto à resposta da resistência palestina, incitaram alarde internacional.

Políticos disseram que a operação deve perdurar por mais um ou dois dias; no entanto, sem confirmação por parte do governo.

Em Tel Aviv, uma colisão de carros e um ataque a faca incitou receios de que a violência se espalhe ao território considerado Israel – capturado em maio de 1948, durante a Nakba ou “catástrofe”, mediante limpeza étnica planejada. Oito pessoas ficaram feridas.

Abdel-Wahab Khalyleh, de 23 anos, foi executado a tiros. O movimento Hamas, radicado na Faixa de Gaza sitiada, identificou Khalyleh como membro, ao defender sua solitária operação de resistência como “ato de autodefesa diante do massacre sionista em Jenin”.

Após outra campanha de menor escala em Jenin, no mês de junho, uma ação de resistência resultou na morte de quatro colonos radicados na região.

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De volta a Jenin, drones sobrevoaram bairros civis; residentes ouviram disparos e explosões esporádicas perto do campo de refugiados. Combatentes da resistência – conforme relatos, dentre os quais, membros da Jihad Islâmica, Hamas e Fatah – ergueram barricadas e postos de vigilância para tentar conter a agressão.

A cidade continuou no escuro e sem água. Em algumas áreas, pelo segundo dia consecutivo, tratores do exército ocupante aplainaram ruas e destruíram estruturas civis, supostamente em busca de explosivos improvisados.

500 famílias evacuadas

O Crescente Vermelho da Palestina reportou na segunda-feira ter evacuado ao menos 500 famílias do campo de refugiados – ou cerca de três mil pessoas. Agências da Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram receios com a escala do ataque por ar e terra.

Caminhões levaram comida, água e outros suprimentos doados por voluntários da cidade de Nablus, também na Cisjordânia ocupada. Os itens foram distribuídos nos hospitais e centros comunitários de Jenin, aos cidadãos afetados pelo massacre.

Jihad Hassan (63) cuja família fugiu do campo de refugiados após seu filho ser ferido, diz ter sido forçado a deixar sua casa devido aos drones militares. “Você não escuta nada, somente vê a explosão”, recordou Hassan, na sala de espera do hospital público de Jenin.

ASSISTA: Ataque à imprensa: Soldado israelense atira em câmera de TV em Jenin

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez coro a alertas de serviços de emergência locais, ao reiterar que socorristas foram impedidos de entrar no campo de refugiados para resgatar feridos. Apesar de evidências e histórico de tais práticas, um porta-voz do exército israelense negou haver qualquer ordem neste sentido.

“Ambulâncias têm livre passagem e não coordenamos sua entrada”, declarou à imprensa.

Um cidadão palestino faleceu de seus ferimentos durante a madrugada; um outro corpo foi encontrado na manhã, levando a mortalidade a dez vítimas, além de cem feridos – dentre os quais, vinte em estado grave –, reportou o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina.

Além disso, um palestino foi morto em Ramallah na segunda-feira.

O movimento de Jihad Islâmica alegou que, entre os mortos, há quatro de seus militantes. O Hamas reivindicou um quinto. Apesar das ofensivas incidirem sobre áreas civis, Israel insiste que, entre o restante das vítimas, não há civis.

Problemas no necrotério de Jenin levaram à transferência de alguns corpos de Jenin à cidade próxima de Qabatiya, confirmaram oficiais.

Negócios fechados

Escritórios e lojas em toda a Cisjordânia ocupada fecharam as portas na terça-feira (4), como resposta à ofensiva em Jenin, em meio a apelos por uma greve geral.

A Autoridade Palestina descreveu a operação israelense como “crime de guerra”. A violência reforçou outra vez a falta de um horizonte político para as décadas de ocupação, colonização e apartheid. A resposta internacional foi ambígua.

Os Estados Unidos deram ênfase no direito de Israel de “autodefesa”, mas reafirmaram ser imperativo evitar baixas civis.

Mohammed Moustafa Orfy, representante permanente do Egito na Liga Árabe, destacou que a ofensiva frustra esperanças de diálogo e reconciliação, após meses de violência.

“O que ocorre em Jenin, um massacre brutal por meio da máquina de guerra de Israel, tem como objetivo minimizar ao máximo qualquer chance de reaver o processo de paz”, advertiu o diplomata.

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