Uma corte de Israel absolveu nesta quinta-feira (6) o policial que matou a tiros Eyad Hallaq , cidadão palestino autista, em maio de 2020, ao afirmar que a vítima foi confundida com um militante sob circunstâncias “particularmente intensas”.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Eyad estava a caminho de uma escola para pessoas com necessidades especiais, quando um policial o acossou e executou sumariamente. O incidente, em plena pandemia de covid-19, deflagrou uma onda de protestos.
Em 2021, promotores registraram uma denúncia de homicídio culposo na Corte Distrital de Jerusalém, sob jurisdição de Israel. O oficial teve sua identidade mantida em sigilo durante o processo, descrito somente como um recruta da polícia de fronteira semi-militar, constituída extensivamente por calouros.
A juíza Miriam Lomp alegou solidariedade à família, mas inocentou o réu sob pretexto de um equívoco de identificação, em meio à perseguição a um suspeito.
“Não há como ignorar que a ação militarizada é particularmente intensa, com uma sensação de incerteza que permeia cada teatro operacional à medida que um evento se sobrepõe ao outro”, declarou o veredito de 70 páginas.
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Palestinos denunciam táticas desumanizantes, racistas e excessivas de policiais e soldados de Israel em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada.
“Meu filho está em um cemitério e seu assassino está livre, andando por aí”, lamentou Rana, mãe de Eyad. “O nome disso é injustiça”.
O pai, Kheiry, disse ter esperanças de entrar com um recurso na Suprema Corte. A ouvidoria da polícia, sob mandato do Ministério da Justiça de Israel, no entanto, protelou a decisão, ao afirmar necessidade de avaliar o caso.
O Ministério de Relações Exteriores da Autoridade Palestina (AP) condenou a absolvição: “As chamadas cortes de justiça de Israel são parte integral do próprio regime de ocupação”.
A polícia israelense insiste que seus agentes usam a força ou abrem fogo somente quando necessário. Autoridades acusaram a vítima de não respeitar instruções em árabe e hebraico, sob suspeita de portar uma arma.
Eyad usava uma máscara contra o coronavírus e não estava armado. Conforme a defesa, após persegui-lo, um policial disparou contra suas pernas e errou, ao acertar um disparo fatal em seu estômago.