New Hampshire se tornou o 37° estado americano a proibir que órgãos públicos invistam ou façam negócios com marcas favoráveis à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o apartheid israelense.
O governador republicano Chris Sununu se encontrou nesta quinta-feira (6) com Gilad Erdan, embaixador israelense na ONU, e Meron Reuben, cônsul-geral do Estado ocupante na Nova Inglaterra, para assinar um decreto executivo em Concord com intuito de impedir que entes públicos participem dos esforços civis de protesto a Israel.
“New Hampshire e Israel vivenciaram décadas de trocas muito bem-sucedidas de comércio, cultura, turismo e tecnologia”, declarou Sununu em nota. “New Hampshire não vai tolerar o antissemitismo [sic], ao tomar medidas para proibir boicotes discriminatórios [sic]”.
A ordem executiva afeta não apenas órgãos públicos como empresas privadas que queiram firmar contratos com o estado.
Erdan celebrou a decisão, sob um discurso de tonalidade militar, ao aludir particularmente ao sistema antimísseis israelense: “Este passo crucial equivale a criar um Domo de Ferro em termos econômicos, capaz de garantir progresso e prosperidade. Não defendemos somente nossos interesses mútuos, mas fortalecemos nosso Domo de Ferro em nome da verdade, da justiça e da moralidade”.
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O Conselho de Relações Islâmico-americanas (CAIR) manifestou seu repúdio à mais nova lei anti-BDS, ao descrevê-la como parte de um ataque abrangente à democracia, ao direito de manifestação e à liberdade de expressão.
Gadeir Abbas, advogado da organização, condenou a decisão como “um assalto absoluto aos direitos consagrados pela Primeira Emenda”.
Em comunicado, declarou: “O governo não pode dizer aos cidadãos americanos como gastar seu dinheiro ou quem apoiar ou não financeiramente. Boicotes são parte da vida política da América desde a fundação de nosso país e nenhuma ordem executiva para banir ou limitar o direito ao boicote é, portanto, legítima”.
Lançado em 2005, a campanha de BDS se inspira na luta contra o apartheid na África do Sul, ao defender o boicote a bens oriundos dos assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada e o desinvestimento de empresas que colaborem com a ocupação.
Diversas organizações, como Human Rights Watch, Anistia Internacional e a ong israelense B’Tselem, reconhecem que Israel comete crime de apartheid.
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