Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) reforçaram apelos às autoridades da Arábia Saudita para que libertem duas mulheres aprisionadas devido a postagens no Twitter.
Salma al-Shehab e Noura al-Qahtani receberam sentença de prisão no último ano por tuitar críticas às autoridades.
Conforme o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária – órgão independente de peritos ligado ao Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) –, sua detenção é arbitrária e deve ser revogada imediatamente.
Em relatório divulgado em junho, os especialistas destacaram a necessidade de indenização a ambas, de acordo com a lei internacional.
Conforme evidências, al-Shehab foi submetida a tratamento cruel e desumano durante sua prisão, incluindo ameaças, insultos, assédio e métodos inadequados de interrogatório, como ao explorar seu quadro de detenção e privá-la de seus remédios.
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A monarquia negou perpetrar quaisquer violações.
Al-Shehab, que pertence à minoria xiita na Arábia Saudita, realizava seu doutorado no Reino Unido quando foi presa, em janeiro de 2021, durante as férias no país. Al-Shehab passou 285 dias em confinamento solitário antes de ser julgada e condenada em março do ano seguinte, por uma corte especializada em casos de “terrorismo”.
A promotoria recorreu a postagens em defesa do direito das mulheres para condená-la, em agosto, a 34 anos em regime fechado, além de proibi-la de deixar o país por período análogo à sentença.
Al-Qahtani, mãe de dois filhos, foi condenada a 45 anos de prisão em 2022, por “desafiar” o rei Salman e o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, em sua página do Twitter. O reino recorreu a postagens críticas e chamados a atos civis para emitir sua sentença.