Governo iemenita denuncia ‘guerra econômica’, ameaça fechar aeroporto de Sanaa

O governo iemenita reconhecido internacionalmente ameaçou fechar o aeroporto de Sanaa, dois meses após o primeiro voo comercial partir da capital em seis anos. Em junho, aviões comerciais decolaram pela primeira vez em sete anos para a Arábia Saudita, na ocasião do Hajj – ou peregrinação islâmica a Meca.

Segundo a rede Arab News, o governo do Conselho de Liderança Nacional (CLN), com apoio saudita, acusou o Governo de Salvação Nacional (GSN), chefiado pelo grupo rebelde houthi, de travar uma “guerra econômica” por meio de restrições marítimas no porto de Hudaydah.

O ministro de Informações do Iêmen, Moammar al-Eryani, disse que as medidas econômicas recentes tomadas por Sanaa exacerbam a persistente crise humanitária no país e ameaçam os prospectos de paz.

No Twitter, Eryani advertiu que, caso os houthis não rescindam sua “escalada” econômica e militar, o governo restringirá acesso ao aeroporto da capital e ao porto de Hudaydah.

“Alertamos contra a continuação da escalada da milícia houthi, que impõe risco de colapso econômico e exacerbação do sofrimento humano”, declarou o ministro. “Reafirmamos que o governo será forçado a rever os termos da trégua das Nações Unidas e reavaliar instalações envolvidas na operação portuária e aeroportuária, a fim de preservar os interesses do povo iemenita”.

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Segundo a trégua mediada pela ONU, o governo permite voos comerciais de Sanaa e facilita a chegada de combustível via Hudaydah, em troca de um apaziguamento nos confrontos e fim do cerco à cidade de Taiz.

Ambas as partes devem ainda coordenar esforços econômicos em áreas controladas pelos houthis, que constituem a maioria das regiões mais densamente povoadas do país.

Em junho, o governo houthi anunciou que a coalizão saudita lhe deu permissão para lançar três voos adicionais de Sanaa a Amã, capital da Jordânia. Raed Jabal, subsecretário da Autoridade de Aviação Civil sediada na capital iemenita, insistiu, porém, que o limite de voos contribui para o “sofrimento” da população.

O Iêmen é assolado por conflitos e crise humanitária desde 2014, quando rebeldes houthis, ligados a Teerã, tomaram a maior parte do país, incluindo a capital. A situação se agravou no ano seguinte, quando uma coalizão saudita interveio em favor do governo aliado.

Neste ano, com a normalização de relações entre Arábia Saudita e Irã, a crise pareceu atingir um ponto de relativa calmaria, sob esperanças de uma solução política; porém, sem esforços definitivos adotados até então.

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