Membro árabe do Knesset tem microfone cortado ao expressar apoio a Jenin

Ayman Odeh, membro palestino do parlamento israelense (Knesset) e líder do bloco político Hadash-Ta’al, foi expulso do plenário nesta semana durante a votação de um projeto de lei sobre “contraterrorismo”, ao condenar a recente ofensiva ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Em um discurso acalorado, declarou Odeh: “Pessoas mortas em Jenin. Pessoas feridas em Tel Aviv. Um soldado morto. Sangue derramado por causa dessa maldita ocupação. A ocupação os cega! O poder os deixou cegos! Não estão somente agindo como ocupantes, estão agindo como idiotas!”

Na última semana, Israel realizou sua maior operação militar na Cisjordânia em 20 anos, com ao menos 12 palestinos mortos, incluindo quatro crianças, e 140 feridos. A incursão armada, por ar e terra, deixou um rastro de destruição em casas, lojas, veículos e infraestrutura.

“Para cada ação existe uma reação. É assim na natureza”, reiterou o deputado. “Se há uma ocupação, haverá uma resistência. E resistir à ocupação é legítimo. A ocupação é ilegal. Vida longa a Jenin! Vida longa ao povo palestino! Vida longa a sua resistência legítima! Vergonha de vocês! Sim, tentem me calar! Mas o povo palestino continuará a lutar”.

O parlamentar Almog Cohen, do partido de ultradireita Otzma Yehudit (Poder Judeu), reagiu aos gritos: “Vá para Gaza! Quanto mais terroristas matamos, melhor!”

A chamada Lei de Contraterrorismo foi aprovada pelo legislativo israelense com objetivo de criminalizar o apoio à resistência palestina, consagrada pela lei internacional. Ativistas que expressarem solidariedade ao povo nativo podem enfrentar cinco anos de prisão.

Segundo o deputado Zvi Sukkot, do partido Sionismo Religioso, a legislação “busca prevenir que haja um teste de probabilidade como se requer hoje devido à gravidade de manifestar simpatia a atos de terrorismo [sic] e seus perpetradores”.

Após as críticas de Odeh ao massacre em Jenin, Sukkot recorreu ao Comitê de Ética, à Polícia do Estado e à Procuradoria-geral para que abram uma investigação contra o parlamentar por seu apoio aos residentes civis de Jenin.

Políticos e ativistas denunciam ataque à liberdade de expressão. A lei internacional estipula que assentamentos e colonos nos territórios ocupados são ilegais. Em contrapartida, todas as formas de resistência são consideradas legítimas, incluindo a resistência armada.

ASSISTA: Músico escocês conta ao público sobre os horrores de Jenin ao vivo no palco

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