O regime sírio de Bashar al-Assad alvejou deliberadamente campos de deslocados internos no noroeste do país assolado pela guerra civil, confirmou um novo relatório publicado pelo Centro de Responsabilidade e Justiça da Síria (SJAC).
Conforme as descobertas, o regime e seus aliados executaram um número considerável de ataques letais contra campos de deslocados internos. Evidências corroboram ciência de que os locais eram habitados por civis, sobretudo refugiados.
Segundo o relatório, o regime compilou informações suficientes de forte presença civil antes de lançar bombas de fragmentação sobre seus alvos.
A organização recorreu a dois milhões de registros em vídeo, entre outras provas, e verificou 17 incidentes, apesar da clara identificação do caráter civil de tais áreas durante sobrevoos, devido a sua “paisagem característica e suas tendas azuis”.
Entre os alvos, estão comunidades localizadas na província rebelde de Idlib, no noroeste da Síria, como o campo de al-Naqeer, notavelmente vítima da crise humanitária, falta de acesso a serviços de saúde e saneamento, escassez de alimentos e inundações.
Testemunhos coletados pelo SJAC reportam sobrevoos de helicópteros e aeronaves sobre a região pouco antes dos ataques.
“Vimos em primeira mão um helicóptero voar diretamente para o campo e descarregar uma bomba de barril”, reportou uma fonte. “A bomba caiu nas extremidades do campo. Como de costume, o helicóptero voltou para disparar de novo; dessa vez, bem no meio do campo”.
“Pessoas gritavam sobre corpos em pedaços atingidos pela bomba de barril; todas as tendas estavam destroçadas, como se jamais tivessem existido”, prosseguiu o relato. “A defesa civil e veículos de moradores vieram para socorrer os feridos e enterrar os mortos”.
Um dos ataques sobre um campo de deslocados internos na região resultou em 18 mortos, após o lançamento de duas bombas de barril. No entanto, segundo o relatório, os índices de baixa são imprecisos – provavelmente, bastante subnotificados.
Segundo a rede New Arab, um investigador afirmou que as informações compiladas pela ong foram armazenadas em seu arquivo para que sejam usadas em eventuais processos contra o regime e aliados. As ações, no entanto, são limitadas no presente contexto.
“Esperamos que essas investigações mostrem ao público e aos tomadores de decisão que a Síria não é segura e que os refugiados forçados a retornar ao país enfrentarão ameaças reais a suas vidas”, concluiu o investigador.
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