A Rússia suspendeu nesta segunda-feira (17) o acordo de grãos do Mar Negro, confirmou o Kremlin, segundo informações da agência de notícias Anadolu.
“Os compromissos do Mar Negro deixam de ser válidos hoje”, afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do governo. “Como advertiu o presidente da Federação Russa [Vladimir Putin], o prazo é 17 de julho. Infelizmente, a parte concernente à Rússia sobre o pacto não foi implementada até então. Portanto, seus efeitos estão encerrados”.
Peskov prometeu retornar aos termos assim que as demandas russas sejam cumpridas.
Há um ano, Turquia, Rússia, Ucrânia e Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram um acordo em Istambul para retomar as exportações de grãos de três portos ucranianos do Mar Negro, interrompidas após o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro.
Um Centro de Coordenação Conjunto foi estabelecido na metrópole turca para monitorar as remessas, com a presença de oficiais dos três países e das Nações Unidas.
O acordo foi renovado sucessivas vezes e estendido por dois meses em 18 de maio.
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Posteriormente, Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, emitiu um comunicado no qual descreveu os resultados do pacto como “decepcionantes”, ao acusar as Nações Unidas de não implementar um memorando assinado com Moscou.
Zakharova insistiu que nenhum dos cinco termos estruturais propostos pelo memorando foi cumprido, em particular, sobre retorno do Banco Agrícola Russo ao sistema de pagamentos internacional Swift.
“Sob as condições presentes de sabotagem aberta na implementação dos compromissos de Istambul, a continuação da Iniciativa do Mar Negro, que não demonstrou efetivamente seu propósito humanitário, torna-se sem sentido”, prosseguiu Zakharova.
Segundo a declaração, Moscou se recusou, portanto, a estender os acordos e notificou seus interlocutores sobre a decisão.
Zakharova reiterou que a suspensão do tratado também significa “revogação das garantias a segurança de navegação, contenção do corredor marítimo humanitário, retomada do regime provisório de área de risco no noroeste do Mar Negro e desmantelamento do CCJ [Centro de Coordenação Conjunta] em Istambul”.
“Caso as capitais ocidentais realmente deem valor à Iniciativa do Mar Negro, é preciso que pensem com seriedade em cumprir suas obrigações, ao removerem fertilizantes e alimentos russos do regime de sanções”, acrescentou. “Somente após vermos resultados concretos, e não apenas promessas, a Rússia estará pronta em considerar um retorno ao acordo”.