Um novo estudo do Banco Mundial, divulgado na sexta-feira (14), confirmou a extensão da crise de saúde mental que assola os palestinos. Em torno de 71% dos residentes da Faixa de Gaza sitiada e 58% da Cisjordânia ocupada apresentam sintomas de depressão.
Um número menor – embora considerável – exibe sinais de estresse pós-traumático, doença frequente em pessoas que vivenciaram situações de guerra.
O Banco Mundial atribuiu a crise de saúde mental entre os palestinos, em parte, ao desemprego generalizado e ao colapso econômico nos territórios ocupados. O estudo é considerado pioneiro em determinar os efeitos cumulativos do conflito e das péssimas condições de vida – incluindo restrições de movimento – na saúde psicológica das pessoas.
Em Gaza e na Cisjordânia, devido ao cerco e à ocupação israelense, cerca de cinco milhões de palestinos permanecem expostos a restrições e incidentes de violência que configuram causas conhecidas do estresse pós-traumático.
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O estudo atribui os problemas a “vulnerabilidades sobrepostas e traumas cumulativos impostos à população palestina [devido a] décadas de exposição a confrontos, restrições ao movimento e péssimas condições de vida”, com destaque para os palestinos de Gaza.
O território costeiro é submetido a um bloqueio por ar, mar e terra desde 2006. Em seu 18° ano, o cerco continua a impactar dois milhões de pessoas. A maioria dos palestinos são refugiados ou descendentes diretos dos refugiados da Nakba – ou “catástrofe”, quando foi criado o Estado de Israel mediante limpeza étnica.
Os palestinos de Gaza têm mais chance de serem expostos a eventos traumáticos do que seus concidadãos na Cisjordânia. Conforme a pesquisa, cerca de 65% dos palestinos de Gaza foram expostos a eventos traumáticos nos últimos 12 meses contra 35% na Cisjordânia.
O estudo concluiu que o trauma dos palestinos de Gaza se expressa em sintomas generalizados de depressão e ansiedade, em vez de sintomas clássicos de estresse pós-traumático.
A exposição ao trauma se agrava ainda devido à marginalização econômica, falta de autonomia e prospectos econômicos, confirmou a pesquisa. A taxa de desemprego na Cisjordânia flutua em torno de 25% enquanto em Gaza chega a até 82% da população.