Senadores dos Estados Unidos apresentaram nesta quinta-feira (20) um projeto de lei para ampliar esforços de normalização entre Israel e países árabes, sob a promessa de investir até US$150 milhões do contribuinte americano nos Acordos de Abraão, ao designar um enviado especial para comandar as operações.
A proposta foi introduzida por Bob Menendez e Jim Risch, principais legisladores democrata e republicano, respectivamente, no Comitê de Relações Exteriores do Senado. Menendez é conhecido beneficiário de doações de grupos sionistas.
Segundo a organização Open Secrets, que monitora dados de lobby e campanha, o senador de Nova Jersey recebeu ao menos US$727.522 de tais grupos.
A proposta tem como intuito expandir a normalização com Israel, cuja mais recente onda foi iniciada pelo ex-presidente republicano Donald Trump. Os proponentes dizem que a medida “autorizará ferramentas tangíveis para fortalecer os círculos de paz e encorajar relações mais profundas entre os países-membros dos Acordos de Abraão”.
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Os recursos previstos serão disponibilizados para integrar os setores públicos e privados dos Estados signatários. Conforme o jornal israelense Haaretz, o investimento será administrado pelo Departamento de Estado em coordenação com o enviado especial, para uso próprio ou para ser transferido a outras agências.
O projeto prevê ainda uma iniciativa de “líderes jovens”, ao conceder bolsas e intercâmbio.
Dentre os novos recursos estão US$6 milhões ao programa de pesquisa científica da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID); US$2.5 milhões para ações multilaterais do Departamento de de Estado; US$4 milhões para projetos de água e energia; e US$1 milhão para programas de educação e cultura.
A legislação busca apoiar ainda a criação e negociação de um quadro de parceria econômica entre os países envolvidos.
A proposta foi apresentada um dia após o presidente israelense, Isaac Herzog, discursar no Congresso, durante sua visita oficial a Washington.
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Além do projeto de lei favorável à normalização, os deputados americanos aprovaram uma resolução para proclamar que Israel “não é um Estado racista ou de apartheid”, em franco detrimento de uma série de relatórios de direitos humanos.
A medida parece ter como objetivo não somente silenciar críticos progressistas no Capitólio, mas proteger a ocupação de denúncias e dar a ideólogos sionistas munição para criminalizar a solidariedade com o povo palestino tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.