O governo dos Estados Unidos criticou abertamente Israel por não chegar a um “consenso” sobre os planos de reforma judicial propostos pelo governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, após o Knesset (parlamento) ratificar a primeira etapa das emendas.
A nova lei reduz os poderes da Suprema Corte em analisar decisões de governo.
“Como amigo de longa data do Estado de Israel, o presidente [Joe] Biden expressou pública e pessoalmente seu ponto de vista sobre como grandes mudanças em uma democracia [sic] devem desfrutar de um consenso tão amplo quanto possível”, comentou Karine Jean-Pierre, secretária de Imprensa da Casa Branca nesta segunda-feira (24).
“Lamentamos que o voto de hoje tenha ocorrido com a menor maioria possível”, prosseguiu. “Entendemos que conversas estão em curso e devem seguir nas próximas semanas e meses, para forjar um consenso mais amplo mesmo durante o recesso do Knesset. Continuaremos a apoiar os esforços do presidente [Isaac] Herzog e outros líderes israelenses na busca por um entendimento via diálogo político”.
A apreensão da Casa Branca se deve à chamada “lei de razoabilidade”, que limita os poderes da Suprema Corte de Israel de revogar nomeações de ministros e decisões de governo vistas como excessivas ou inconstitucionais.
A lei foi ratificada em sua segunda e terceira leitura por uma maioria simples de 64 entre os 120 deputados do Knesset, apesar das 29 semanas consecutivas de protestos de massa que tomaram Israel, desde o anúncio do governo de sua reforma judicial.
Críticos alertam para um “golpe de Estado”, com o enfraquecimento do judiciário em favor do executivo. Aliados internacionais temem ainda pela imagem da “democracia” no Estado colonial sionista, com impacto nas relações públicas e nos investimentos.
Netanyahu, réu por corrupção e crimes de responsabilidade, é também acusado em âmbito doméstico de governar em causa própria.
Os protestos por “democracia”, em maioria, porém, desconsideram o regime de apartheid imposto pela ocupação israelense contra os palestinos.
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