Sem apoio do governo, ex-soldado israelense ateia fogo a si mesmo

Um veterano israelense ateou fogo ao próprio corpo nesta terça-feira (1°) após o Ministério da Defesa negar seu pedido para ser reconhecido como deficiente. Bar Kalaf sofreu diversos ferimentos e foi transferido às pressas ao centro médico de Sheba, em Tel Hashomer.

A família culpou o governo pela tentativa de suicídio do cidadão de 33 anos.

Kalaf serviu às Forças Armadas entre 2008 e 2011 e participou como reservista da Operação Margem Protetora – o massacre a Gaza em 2014.

O soldado solicitou ao governo que reconhecesse seu diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O ministério, todavia, indeferiu o apelo, ao alegar que suas “doenças mentais” não têm conexão com seu tempo de serviço. A pasta declarou ainda que o caso foi examinado em detalhes antes de ser tomada uma decisão.

À televisão israelense, a mãe rejeitou o argumento: “Você não pode levar um menino de 18 anos por três anos e esperar que nada aconteça de errado, que nenhuma doença mental se desenvolva. Depois de tudo isso, há uma vida pela frente!”

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Conforme a família, Kalaf se sentiu sem esperanças após o comitê incumbido de analisar seu pedido negar seu status como deficiente. Os pais criticaram a brevidade da avaliação, sem o devido olhar aos sintomas psicológicos do jovem.

“É impossível diagnosticar alguém em uma conversa de dez minutos”, insistiu a mãe.

Segundo a família, a saúde mental de Kalaf era normal antes de servir ao exército; três anos depois, o impacto era notório.

A Operação Margem Protetora – incidente que alegadamente levou ao transtorno de Kalaf – foi uma das mais brutais ofensivas militares de Israel à Faixa de Gaza, com três semanas de bombardeios e 1.400 palestinos mortos, além de milhares de feridos.

A família crê que a atenção à saúde mental de jovens recrutas deveria ser prioridade. O caso renovou debates internos sobre as repercussões psicológicas aos agentes israelenses, assim como esforços para promover o bem-estar entre os veteranos. A negativa levantou questões sobre a rede previdenciária do Ministério da Defesa a ex-soldados.

Kalaf é o segundo veterano do massacre em Gaza a cometer autoimolação. Dois anos atrás, Itzik Saidian (26) tentou o suicídio. Investigações apontaram que o ex-soldado derramou um líquido inflamável sobre seu corpo em frente a um prédio do Ministério da Defesa.

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