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Civis no Sudão vivem ‘horror inimaginável’, alerta Anistia Internacional

Protesto contra o acordo político assinado entre lideranças civis e militares do Sudão, na capital Cartum, em 6 de abril de 2023 [Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu]

Civis sudaneses vivem um “horror inimaginável” no país, em meio aos confrontos entre as Forças Armadas regulares e Forças de Suporte Rápido (FSR), informou um novo relatório da Anistia Internacional, intitulado “A morte bate à porta”.

A proeminente organização de direitos humanos denunciou “baixas civis em massa tanto em ataques deliberados quanto indiscriminados cometidos pelas partes em confronto”.

O relatório se concentra na capital Cartum e na região de Darfur, no oeste do país, baseado em entrevistas de 181 pessoas concedidas por telefone no leste do Chade, país vizinho que recebe boa parte dos refugiados da guerra.

“Civis em todo Sudão sofrem um horror inimaginável diariamente, à medida que as Forças Armadas e as Forças de Suporte Rápido mantêm sua disputa irresponsável por controle dos territórios”, advertiu Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia.

A disputa entre o exército de Abdel Fattah al-Burhan e a aliança paramilitar de Mohammad Hamdan Dagalo matou mais de 3.900 pessoas desde 15 de abril, segundo a ong ACLED, que coleta dados em tempo real de conflitos armados.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima quatro milhões de deslocados em virtude da guerra, até então.

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“Pessoas são mortas em suas casas ou enquanto procuram desesperadamente por comida, água ou remédios”, prosseguiu Callamard. “Elas são pegas no fogo cruzado enquanto tentam fugir ou são baleadas em ataques deliberados”.

“Diversas mulheres e meninas, algumas com apenas 12 anos de idade, foram estupradas ou submetidas a outras formas de violência sexual cometidas por membros de ambos os lados em confronto”, reiterou. “Ninguém está seguro”.

“A espiral de violência na região de Darfur, onde as Forças de Suporte Rápido e suas milícias aliadas deixam um rastro sem precedentes de morte e destruição, alimenta os fantasmas de terra arrasada como política de guerra das décadas anteriores, envolvendo eventualmente os mesmos atores”, observou Callamard.

Foram registrados ataques a hospitais, centros humanitários e igrejas, incluindo incidentes de pilhagem. Civis são privados de alimentos e medicamentos, o que agrava a crise.

“A maioria dos casos de saque envolvem membros das Forças de Suporte Rápido”, destacou o relatório. “Ataques intencionais a objetos ou equipes humanitárias, assim como a unidades médicas ou de saúde, equivalem a crimes de guerra”.

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A Anistia instou o Conselho de Segurança da ONU a ampliar seu embargo de armas contra a região de Darfur, para incluir todo o Sudão e assegurar o devido cumprimento.

“A comunidade internacional tem também de aumentar consideravelmente sua assistência humanitária ao Sudão; países vizinhos têm de garantir que suas fronteiras estejam abertas a civis que buscam refúgio”, comentou Callamard. “Países com influência sobre as partes em guerra devem usá-la para dar fim às violações”.

“O Conselho de Direitos Humanos deve acatar os apelos da Autoridade Intergovernamental para Desenvolvimento e adotar um mecanismo independente de investigação e justiça para monitorar, coletar e preservar evidências sobre as violações no Sudão”, concluiu a Anistia.

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