O ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, manifestou apoio a um colono responsável por conduzir um ataque terrorista na Cisjordânia ocupada, resultando na morte a tiros de Qusay Jamal Matan, de apenas 19 anos.
O ataque ocorreu na sexta-feira (4), na aldeia de Burqa, a leste de Ramallah.
Dois colonos estão detidos como “suspeitos” pelo assassinato. Uma fonte de segurança os descreveu como militantes de extrema-direita do posto avançado de Ramat Migron.
Matan foi baleado quatro vezes, segundo detalhes publicados pelo Haaretz.
Ao expressar rara firmeza – sinal das tensões entre Washington e Tel Aviv – o governo dos Estados Unidos condenou o incidente como terrorismo.
“Rechaçamos veementemente o ataque terrorista conduzido ontem por colonos extremistas que mataram um palestino de 19 anos”, declarou o Departamento de Estado no sábado (5), ao reivindicar “plena responsabilidade e justiça”.
LEIA: Jovem palestino de 17 anos morre após ser baleado por colono de Israel
O ex-ministro da Defesa de Israel e deputado da oposição, Benny Gantz, ecoou a retórica da Casa Branca. “Um perigoso terrorismo nacionalista judaico está se desenvolvendo diante de nossos olhos”, advertiu o ex-militar.
Alertas de terrorismo judaico também foram emitidos pela agência de segurança interna de Israel, o Shin Bet. Seu diretor, Ronen Bar, afirmou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que “o terrorismo judaico alimenta as chamas do terrorismo palestino”.
Ben-Gvir, no entanto, defendeu os suspeitos neste domingo (6), ao afirmar que “quem quer que se defenda de pedradas merece uma medalha”.
No Twitter, Ben-Gvir atacou a imprensa por tratar os colonos em custódia como suspeitos de homicídio. “Um judeu que se defende e defende outras pessoas de serem assassinadas por palestinos não é um suspeito, mas um herói que terá todo meu apoio”, prometeu Ben-Gvir.
Seus comentários voltaram a trazer à luz o relacionamento entre governo, Estado e atos de terrorismo perpetrados por colonos. Críticos internos alertam que membros do gabinete de Netanyahu representam o braço político de terroristas que operam na Cisjordânia.
LEIA: Exército israelense assassinou 31 menores palestinos neste ano
Sobre o assassinato de Matan, o editorial do Haaretz reconheceu que há “terrorismo judaico organizado em Israel”, ao advertir que “seus líderes de torcida estão dentro do governo”.
Colonos raramente são indiciados pelo sistema de justiça de Israel por matar palestinos. Os ataques foram descritos por oficiais israelenses como “pogroms”, mas ninguém foi indiciado até então pela violência que incide na Cisjordânia desde janeiro, incluindo contra as aldeias de Huwara, Turmus Ayya e Umm Safa.
Todos os assentamentos, postos avançados e colonos instalados nos territórios ocupados, são ilegais sob o direito internacional.