Autoridades iranianas prenderam ou interrogaram ao menos 90 jornalistas desde o começo dos protestos que abalaram o país, em setembro de 2022, após a morte de Mahsa Amini em custódia da polícia de costumes, reportou nesta terça-feira (8) o jornal reformista Shargh, ao citar um relatório do comitê nacional de apoio à categoria.
Conforme o comitê, formado em meio aos protestos, “a maioria dos jornalistas foi libertada sob várias condições nos últimos meses; outros se beneficiaram de decretos de anistia”. Ao menos seis jornalistas, porém, continuam presos; outros cinco esperam julgamento.
Entre os profissionais detidos, está Elaheh Mohammadi, repórter do jornal Ham-Mihan, que publicou uma história sobre o funeral de Amini em sua cidade natal de Saqqez, assim como Niloufar Hamedi, fotógrafo do Shargh, que foi ao hospital após a jovem entrar em coma.
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O judiciário iraniano os indiciou por “colaborar com o governo hostil dos Estados Unidos” e “difundir propaganda contra o Estado”.
Centenas de pessoas foram mortas durante os protestos. Milhares foram presos, muitos dos quais encaminhados a julgamento pela “rebelião”.
Amini foi detida pela polícia de moralidade por supostamente violar o código de vestimenta islâmico, ao rejeitar o uso do véu. Sua morte, com sinais de violência, deflagrou os maiores protestos no Irã desde antes da pandemia, junto a um debate contínuo sobre os direitos das mulheres.