A ong Médicos Sem Fronteiras (MSF) instou os Estados-membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a encontrar uma solução à urgência de garantias imparciais, sustentáveis e não-politizadas ao acesso humanitário ao noroeste da Síria.
A entidade condenou ontem (8) a não renovação das resoluções de fronteiras da agência, de modo a impedir a chegada de socorro emergencial e reforçar o isolamento da região.
“A resolução expirou há um mês e não há qualquer solução no horizonte”, alertou Sebastien Gay, chefe da missão da MSF na Síria. “Isso é simplesmente deplorável. A ajuda humanitária virou uma ferramenta de disputa política e as pessoas carentes no noroeste do país pagam o preço por mais esse fracasso”.
“São pessoas que sofrem há 12 anos, vivendo em condições às quais nenhum ser humano deveria ser submetido”, reiterou. “O fim do último mecanismo imparcial transfronteiriço que nos restava significa que as coisas vão ficar ainda piores”.
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Por anos, a resolução permitiu a agências da das Nações Unidas e parceiros internacionais e regionais a conceder assistência humanitária via travessia de Bab al-Hawa, ao isentá-los de negociações ou tramitações na Síria ou na Turquia, observou a MSF em nota.
Mais de quatro milhões de pessoas vivem no noroeste da Síria, submetidas à guerra civil há mais de uma década. Cerca de 2.9 milhões pessoas são deslocados internos, com dificuldade de acesso a habitação, saneamento, comida e serviços de saúde.
“O acesso humanitário à Síria deve ser eficaz, seguro, consistente e protegido da politização; o mecanismo transfronteiriço é parte essencial disso”, concluiu a ong.