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Apartheid não se debate, se denuncia e combate!

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Tornar os campus das universidades amazonenses UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e UEA (Universidade Estadual do Amazonas) palcos para a defesa do Apartheid israelense na Palestina ascendeu um vigoroso debate no meio acadêmico no Estado do Amazonas, especialmente entre os estudantes, dadas as lúcidas e corajosas iniciativas de seus Diretórios Centrais de Estudantes, que denunciaram as atividades pró-israelenses – “I Seminário Ajuricaba de Liberdade na Amazônia”, na UFAM, e “Divisão da Região da Palestina e os Acordos de Paz entre Israelenses e os Países Árabes”, na UEA (Universidade do Estado do Amazonas), que têm como principal expositor o notório propagador do ódio aos palestinos André Lajst, presidente da StandWithUS, um extensão no Brasil da máquina de propaganda israelense, destinada a higienizar seu regime segregacionista e colonial. Os defensores dos eventos, em sua maioria supremacistas que no Brasil promovem a intolerância e o discurso de ódio, utilizaram a cartada de sempre para defender o evento e acusar “perseguição”: “antissemitismo”. Diante disso, tecemos as seguintes considerações:

1. Crimes de lesa-humanidade, como o crime de Apartheid, imposto ao povo palestino pelo regime supremacista israelense, não se debatem, mas se denunciam e combatem, para que seus patrocinadores e operadores sentem nos bancos dos réus e recebam as condenações tipificadas no Direito Internacional. É por isso que o Tribunal Penal Internacional (TPI) investiga os crimes de guerra, perseguição e Apartheid na Palestina, promovidos pelo regime sionista, bem como a ONU remeteu ao Tribunal Internacional de Justiça o pedido palestino de investigação de crimes coloniais.

2. Para melhor ilustrar nossas razões, chamamos à reflexão, especialmente o corpo acadêmico da UFAM, para algumas didáticas exemplificações. Deveríamos pedir às vítimas do nazismo, dentre elas os euro-judeus, que sentem à mesa com seus algozes para “debater” os crimes que sofreram, condição para que tenham legitimidade em suas reivindicações? O “ponto de vista” dos nazistas teria que ser considerado? E se o debate fosse sobre o Apartheid na África do Sul, na mesa seriam necessários representantes do regime supremacista branco, quem sabe algum neto de Frederik Willem de Klerk. O outro Apartheid, pouco dito por razões óbvias, que vigorou em grande parte dos EUA até os anos 1960, para debatê-lo teríamos que ter a Ku Klux Klan à mesa? Se a UFAM debatesse estes temas, traria os algozes às mesas, para nelas, em “livre expressão”, trazerem seus “pontos de vista”?

3. Se a resposta é NÃO – para a diáspora brasileiro-palestina e para os que são solidários com a luta do povo palestino é rotundo NÃO –, por que raios Apartheid, limpeza étnica, colonialismo, ocupação, experimento social genocida a pretexto divino (o Apartheid na África do Sul também meteu “deus” na sua justificativa, inclusive com os mesmíssimos mitos do Antigo Testamento que servem ao sionismo) na Palestina só podem ser versados se “debatidos” com os criminosos? A Palestina vive sob ocupação e política de estado que busca o extermínio de seu povo, algo já documentado em ao menos cinco relatórios da ONU, todos definindo Israel como um regime de Apartheid, mais os relatórios de incontáveis ONGs Internacionais de Direitos Humanos, dentre elas as globais Anistia Internacional e Human Rights Watch, além de palestinas e israelense que apontam na mesma direção.

4. Denunciar os crimes de lesa-humanidade contra o povo palestino não implica em antijudaísmo – falsificado como “antissemitismo”, pois os sionistas euro-judeus nunca foram semitas e, ao contrário, os palestinos são integralmente SEMITAS, bem como o antijudaísmo é a discriminação europeia aos seus cidadãos de fé judaica, jamais a denúncia do regime supremacista israelense que instrumentaliza a fé judaica para dar “historicidade” ao seu projeto racista –, até mesmo porque há muitas correntes no judaísmo que denunciam Israel por seus crimes e defendem os direitos nacionais, civis e humanitários do povo palestino.

5. Se diante de tudo isso – mero resumo – seguirmos permitindo que universidades e escolas sigam sendo palco de defesa dos crimes de lesa-humanidade na Palestina, algo está muito errado e precisamos, aí sim, DEBATER o que se passa, pois não é plausível que Apartheid seja possível na Palestina e não em qualquer outro lugar do mundo.

6. Por fim, lugar de nazistas, brancos supremacistas (da África do Sul e dos EUA) e sionistas que defendem o fim do povo palestino é o banco dos réus, respondendo por crimes de lesa-humanidade, não em universidades “debatendo” para higienizar suas barbáries.

Palestina Livre a partir do Brasil, 10 de agosto de 2023, 76º ano da Nakba.

LEIA: Apartheid israelense

Publicado originalmente em FEPAL

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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