A senadora australiana Lidia Thorpe, de raízes aborígenes, instou seu governo a reconhecer a soberania do Estado palestino sobre os territórios ocupados ilegalmente por Israel desde 1967. Para Thorpe, é fundamental que a Austrália pressione pelo fim da ocupação.
“O governo tem o dever de reconhecer a soberania em casa e no exterior do povo palestino sobre todos os territórios expropriados em 1967 e deve reivindicar do governo de Israel que encerre sua ocupação ilegal”, afirmou Thorpe em discurso no plenário.
A senadora condenou a “violenta ocupação da Palestina, a brutalidade da potência colonial israelense e o assassinato sancionado pelo Estado dos palestinos nativos”.
Thorpe destacou que o ano passado registrou recorde de morte entre os palestinos, devido a violações israelenses, com mais de 170 vítimas, incluindo 53 menores.
LEIA: Israel é um estado de apartheid, dizem ex-enviados de Israel à África do Sul
“Desde janeiro, ao menos 160 vidas foram tomadas, incluindo 35 crianças”, reafirmou. “Três desses assassinatos ocorreram há apenas quatro dias”.
Conhecemos sua dor, seu luto, sua indignação, que une os Primeiros Povos e os palestinos. Compartilhamos uma história e uma realidade de tentativa de genocídio e ainda carecemos de libertação, autodeterminação e soberania. Sabemos como é estar sob uma lenta e difusa violência que ceifa mais e mais vidas conforme o tempo passa, sem ninguém pestanejar. Nós conhecemos o apartheid. E sabemos o que é estar sob ocupação de uma força incapaz de admitir a verdade.
Thorpe exaltou a decisão do governo de retomar o uso da expressão “territórios palestinos ocupados” em comunicados oficiais. A Austrália abandonou o termo em 2014, após o então procurador-geral alegar que o termo “ocupado” seria pejorativo.
No governo, o Partido Trabalhista retomou a expressão, ao devolver o país ao consenso com União Europeia e Reino Unido, além de resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) das quais a Austrália é signatária.
Thorpe, contudo, pediu maiores avanços, para que a Austrália reconheça o Estado palestino como fizeram “quase 140 nações no mundo, incluindo o Vaticano”.
“Não surpreende que as potências coloniais sejam irmãs de sangue e tenham um problema em comum com o reconhecimento de nossa soberania tanto em casa quanto no exterior”, concluiu a senadora.
LEIA: Reino Unido, Canadá, Austrália expressam apreensão sobre assentamentos de Israel