O líder da oposição israelense, Yair Lapid, e políticos do partido Likud, chefiado pelo premiê Benjamin Netanyahu, trocaram acusações públicas sobre os planos da Arábia Saudita para se tornar uma potência nuclear, em troca da eventual normalização com Israel.
Conforme reportagem do Wall Street Journal publicada nesta semana, as partes discutem a possibilidade de um acordo sob o qual os Estados Unidos dariam assistência a um programa nuclear da monarquia, com objetivos civis, além de garantias de segurança similares àquelas concedidas a membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Em troca, o reino poderia se distanciar da China e Israel agiria em favor do estabelecimento de um Estado palestino independente.
“Me oponho a qualquer acordo que inclua enriquecimento de urânio saudita”, insistiu Lapid à televisão israelense. “Neste momento, o acordo fere nossa segurança”.
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Conforme Lapid, suas conclusões emanam de uma conversa com especialistas de segurança que expressaram desconforto com a exigência saudita por um programa nuclear.
“Não tenho um problema com um programa civil”, declarou o ex-premiê. “Temos países no Oriente Médio com programas de energia atômica. O que não queremos é que haja esforços de enriquecimento de urânio em solo saudita”.
“É isso que está sobre a mesa e não podemos permitir que continue como está”, prosseguiu Lapid. “Israel não pode concordar com o enriquecimento de urânio em solo saudita pois põe em perigo a segurança de Israel”.
Na quinta-feira (10), o ex-assessor de Segurança Nacional, Eyal Hulata, alertou à rádio estatal Kan que Tel Aviv não pode assentir com um programa nuclear no Oriente Médio que abranja o enriquecimento de urânio em escala local.
Em resposta, declarou o partido governista Likud: “O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu firmou quatro acordos de paz históricos que não somente fortaleceram nossa segurança e a posição externa do Estado de Israel, como pretendemos continuar a fazê-lo”.
“Seria melhor a Lapid – que deu ao Hezbollah reservas de gás natural sem custo algum – não dar sermões ao premiê Netanyahu”, destacou o partido, em alusão a um acordo do gabinete anterior para demarcação de fronteiras marítimas com o Líbano, assinado em 2022.
Em 2020, Netanyahu esteve à frente na assinatura dos Acordos de Abraão, promovidos pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sob os quais Tel Aviv normalizou laços com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão.
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