O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e seu Instituto mantiveram parceria com a Arábia Saudita e o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, mesmo após o assassinato de Jamal Khashoggi, articulista do Washington Post, dentro do consulado do reino na cidade de Istambul, em outubro de 2018.
De acordo com o jornal britânico Sunday Times, o Instituto Tony Blair para Mudança Global manteve suas operações multimilionárias junto da Arábia Saudita, apesar do crime.
Ao custo de £9 milhões, a parceria firmada em 2017 prevê que a organização de Blair auxilie a monarquia em seus esforços de modernização e diversificação econômica promovidos por bin Salman. O próprio ex-premiê exerce um papel consultivo na implementação da chamada Visão 2030 da Arábia Saudita.
Em outubro de 2019, em meio à investigação sobre o desaparecimento de Khashoggi, Blair expressou preocupação sobre o caso, ao admitir contrapor promessas de reforma. Contudo, negou-se a cancelar o acordo à medida que mais e mais provas apontavam a bin Salman.
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O porta-voz de Blair enfim confirmou a manutenção do arranjo, ao afirmar à imprensa que, apesar de “ansiedades internas” sobre como proceder diante do “crime terrível”, o conselho decidiu mantê-lo por unanimidade, à luz de supostas necessidades.
Segundo o gabinete de Blair, o ex-premiê “acredita firmemente que o programa de reformas sociais e econômicas em curso na Arábia Saudita é de imensa importância à região e a todo o mundo [e] que o relacionamento com a monarquia é de importância estratégica crucial ao Ocidente; justificando, portanto, que se mantenham engajados”.
O comunicado insistiu ainda que “novo engajamento [do reino] com Estados Unidos e países ocidentais”, apesar de críticas contumazes por grupos de direitos humanos, “ilustra a razão pela qual a decisão foi acertada”.
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