Amiram Levin, general reformado do exército de Israel e ex-agente sênior do serviço secreto Mossad, disse neste domingo (13) que as forças às quais serviu são “parceiras em crimes de guerra”, de modo que a situação na Cisjordânia equivale a um “absoluto apartheid”.
“É difícil para nós, mas é verdade. Ande por Hebron, olhe para as ruas. Ruas onde os árabes não podem entrar, apenas judeus. É exatamente o que aconteceu ali, naquele país terrível”, declarou, em referência à Alemanha Nazista.
“Não há democracia lá há 57 anos, somente um absoluto apartheid”, reconheceu o general, ao aludir à data da captura ilegal da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém, em 1967.
Ex-chefe do Comando Norte das Forças Armadas de Israel, Levin expressou receio de que os soldados deixem de se interessar em defender a nação caso o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu consiga ir adiante com seus planos de reforma judicial.
Levin, que também serviu como vice-diretor do Mossad, insistiu que o exército não é apenas afetado pela greve dos reservistas, contra a reforma, como também “apodreceu por dentro” devido à sua presença contínua na Cisjordânia.
“[O exército] fica ali parado, olhando para colonos extremistas, tornando-se um parceiro em seus crimes de guerra”, acrescentou o general à rádio estatal israelense Kan.
“É dez vezes pior que a questão da prontidão”, reiterou. “E honestamente, não estou bravo com os palestinos; estou bravo conosco. Estamos nos matando de dentro para fora. É difícil para mim dizer isso, mas é a verdade”.
Questionado sobre semelhanças entre Israel e a Alemanha Nazista, lamentou Levin: “É claro que há. Dói, não é agradável, mas é a verdade. E é melhor encará-la, mesmo que seja difícil, do que fingir que não é assim”.
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